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Aramis

A grande família Queirolo

Nos (bons) tempos em que Hermínio Bello de Carvalho dirigia a divisão de Música Popular da Fundação Nacional das Artes, uma de suas preocupações era marcar as efemérides ligadas a nossa cultura popular na área musical com eventos alusivos. Graças a sensibilidade do poeta e animador cultural - que aliás, está colaborando na produção de bons programas na Rádio Estadual do Paraná - datas redondas relacionadas a figuras da dimensão de Pixinguinha, Clementina de Jesus, Cartola, Manuel Bandeira (que era apaixonado por música e foi letrista em algumas canções), Elizeth Cardoso, entre tantos outros, foram marcadas, com exposições, shows, musicais, livros e discos. Hoje, os tempos em que a Funarte atuava na valorização de nossa música é apenas memória - pois desde 16 de março de 1990, a cultura apoiada por órgãos oficiais deixou de existir no Brasil. No Paraná, onde ainda existem muitas instituições oficiais que dispõem de generosos orçamentos e centenas de funcionários, acontece o inverso: datas marcantes passam totalmente esquecidas. Há dois anos, se não fosse a nossa "cobrança", os dez anos da morte do compositor Lápis (Palmilor Ferreira Rodrigues, 1943-1978) não teriam qualquer efeméride. Os 60 anos de um dos raros compositores de expressão nacional nascidos no Paraná - o parnanguara Paulo Gurgel do Amaral Soledade, transcorrido em 29 de julho de 1989 - passou totalmente esquecido. Mesmo com a Prefeitura de Curitiba, criminosamente aproveitando através de uma das agências que faturam em cima de sua gorda conta publicitária, explorando o tema "Estão Voltando as Flores" - sem nunca lhe terem sequer solicitado autorização - houve qualquer lembrança de trazer Paulinho a Curitiba. Em Paranaguá, nem pensar, pois a Prefeitura daquela cidade parece que desconhece totalmente o que se chama de eventos culturais. E a Secretaria da Cultura do Paraná, por falta de gente mais capaz em sua área de música popular - desde que Cláudio Ribeiro foi, injustamente, afastado daquela divisão - também raras vezes se lembra das efemérides de nossos talentos verdadeiros. Que justamente por serem poucos, devem ser devidamente valorizados. Portanto, antes que seja tarde, seria bom que o secretário René Dotti, da Cultura, exigisse dos coordenadores que se multiplicaram naquela pastas, agendas de efemérides que justifiquem, no decorrer de 1991, algumas providências oficiais. Uma, entre muitas datas que merecem que os órgãos culturais agilizem alguma programação seria os 60 anos de uma das mais estimadas figuras de nosso mundo artístico e, de certa forma, um dos últimos remanescentes de uma arte / lazer que está perdendo seus melhores artistas: o circo. Lafayete Danton Queirolo torna-se sexagenário no próximo dia 14 de julho - em data que marcou historicamente a sua vida a partir do próprio nome: - "Meu pai queria me registrar como Lafayete Danton Robespierre Queirolo. Só que minha mãe, Lilly Anna, achou que seriam muitos nomes revolucionários para um único bebê. E cortou o "Robespierre" do nome - assim como cortaram a cabeça do líder revolucionário na França". Bem humorado como convém há uma pessoa que nasceu, cresceu e vive fazendo graça e dando alegria a milhares de pessoas, Lafayete é o líder dos Queirolo, mantendo acesa a tradição de que o espetáculo não pode parar. Felizmente, para Curitiba, que tem nele sua "família", a qual afetivamente se incorporam quase 50 outros artistas, juntos há um ano, um símbolo vivo de nossa cidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/01/1991

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