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Guaíra I e Guaíra II, mais dois cinemas para Curitiba

Dentro de duas semanas o engenheiro Tabajara Domiti Nascimento transfere sua equipe de operários da Rua Mateus Leme para a Conselheiro Laurindo e inicia um novo trabalho. Depois de passar quase um ano nas obras de reforma do cine Bristol - que deve ser reaberto em abril - Tabajara terá o prazo contratual máximo de dez meses para fazer dois novos cinemas - o Guaíra I e Guaíra II, prometidos para serem os mais luxuosos da cidade. Com bom know-how em construção civil - afinal, entre outros cinemas construiu o Condor, transformou o Lido em duas salas e fez a reforma do São João, Tabajara Nascimento vai trabalhar rapidamente para que a cidade ganhe mais duas salas de exibição ainda este ano. xxx Paulo Sá Pinto, 75 anos, um dos maiores exibidores brasileiros, do final dos anos 40 até meados da década de 60, era o grande exibidor em Curitiba, com a Empresa Cinematográfica Sul - os saudosos Avenida, Ritz, América e Marabá (este depois Bristol). O tempo passou, o mercado cinematográfico local mudou e Sá Pinto acabou ficando apenas com uma sala - o Plaza, que adquiriu à antiga Unibrás (que tinha entre seus sócios Ismail Macedo, da Orcopa), e que hoje tem como sócios os irmãos Magalhães Rodrigues e Francisco José Lucas. Homem integrado ao mercado cinematográfico, Paulo Sá Pinto jamais deixou de ter uma grande liderança no setor de exibição. Tanto é que o Plaza, inaugurado em 1964, é hoje uma das salas mais rentáveis da cidade, lançadora exclusiva das produções da 20th Century Fox - e que portanto, já no dia 26 estréia "Platoon", de Oliver Stone - 8 indicações ao Oscar (cuja festa acontece no dia 30), antecedido de uma pré-estréia para a imprensa e convidados no próximo dia 21. xxx Paulo Sá Pinto volta a expandir-se em Curitiba. Além de programar investimentos que podem chegar a Cz$ 20 milhões na construção dos cines Guaíra I e Guaíra II, no espaço que era ocupado pela capela do Colégio Santa Maria, já aprovou o anteprojeto para a construção de mais uma sala de exibição na Praça Osório. Será o Plaza II, que ocupará o espaço livre existente defronte o cine Plaza, originalmente reservado para a Associação dos Servidores Públicos do Paraná construir sua sede própria. Como a ASPP tem, já há anos, magnífica sede na Rua 24 de Maio, a diretoria não só renovou o contrato de locação do Plaza por mais cinco anos como deu sinal verde para que a Empresa Sul ali construa mais um cinema. O espaço livre - sobre pilares, já com as fundações previstas - abrigará uma sala de 500 lugares. Não está fora de cogitação transformar o Plaza - que tem 940 poltronas, na platéia e primeiro balcão - também em duas salas menores, dentro da tendência de criar microcinemas. A Associação dos Servidores Públicos só tem a ganhar com isto. Proprietária do valorizadíssimo terreno, há 23 anos ganhou o cine Plaza, que paga um aluguel proporcional ao número de ingressos vendidos (e que hoje dá uma média de Cz$ 50 mil) e, no futuro, terá mais uma - (ou duas) sala(s) - para aumentar os seus recursos. Para a empresa exibidora, o negócio também é excelente: a Praça Osório é ponto central, e com mais salas de projeção torna-se mais fácil barganhar junto às grandes distribuidoras os melhores lançamentos. xxx Na crônica da cinematografia curitibana, as salas se transformam e se reciclam. Alex Adamiu, o poderoso chefão da Paris Filmes, não incluiu Curitiba em seu plano de expansão, pois vai abrir mais algumas dezenas de salas de projeção em várias cidades. Entretanto, em Curitiba já possui o rentável Place-Itália e, associado a Fama Filmes, explora seis meses por ano os cines Itália (onde atualmente está em cartaz "A Missão", 7 indicações ao Oscar) e o Rui Barbosa. Legalmente, o contrato de locação com este último cinema foi feito através da Vitória Cinematográfica, a quem a Urbs, por ordem da Fundação Cultural - está acionando na justiça, num processo de despejo. Como já foi amplamente noticiado, o secretário municipal da Cultura, Carlos Marés de Souza, sonha em ver o espaço atualmente ocupado pelo cine Rui Barbosa transformado em mais um teatro. Embora, a FCC mal cuide de seus teatros: o Paiol está abandonado (consta que será entregue para ser "programado" pela associação dos favelados da Vila Pinto), o Universitário, asfixiante e mal administrado, só apresenta shows de rock e mesmo a sala Scabi, no Solar do Barão tem uma programação claudicante. O cine Rui Barbosa - a exemplo do Morgenau (localizado no mesmo terminal rodoviário) e do Scala (Rua Riachuelo) exibem apenas filmes pornográficos, de sexo explícito. Pergunta-se se a grande massa de público que passa diariamente pelo terminal rodoviário da Praça Rui Barbosa aceitará alguma outra programação que não a pornográfica oferecida naquele cinema? Em termos teatrais, a questão fica ainda mais séria, pois o Teatro de Bolso, também pertencente à FCC, só tem boa freqüência nos fins de semana, com espetáculos infantis.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
15/03/1987

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