Guerber, o Ballet & o Dollar.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de março de 1975
Na mesa redonda que reunira alguns dos maiores bailarinos (as) do Brasil e do Uruguai, que se encontram na cidade participando do Encontro das Escolas de dança, para discussão de problemas relacionados a profissionalização, Antônio Carlos Guerber, diretor artístico da Fundação Teatro Guaíra e idealizador desta promoção, vai levantar uma tese bastante audaciosa: qual a validade do Ballet se principalmente as escolas oficiais recebem apenas meninas que buscam aulas de elegância e expressão corporal, sem qualquer consciência de fazerem da dança uma profissão?
Com dados na mão, Guerber vai mostrar que até agora os cursos de ballet, inclusive o mantido há mais de dez anos pela Fundação Teatro Guaíra, com alguns professores de bom nível, tiveram raríssimos alunos que decidiram dedicar-se ao ballet em termos profissionais. "E como aulas de elegância, e bom comportamento devem ser dados pela Socila e não em cursos oficiais de ballet", Guerber está disposto a propor uma reformulação nos curriculuns e encontrar uma nova estratégia de ensino. Sem dúvida essa mesa redonda dará tema para muitos comentários entre os círculos de ballet da cidade. Em termos artísticos, o grande programa do Encontro será domingo, quando o Corpo de Baile da Fundação Teatro Guaíra, sob direção de Yurek Schabelewski fará a premier mundial de "Mosaicos", com base na musica do maestro Marlos Nobre, que estará presente ao espetáculo.
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Há treze anos a Reitoria da Universidade federal do Paraná promoveu o 1 Encontro das Escolas de Dança do Brasil (5 a 10 de setembro de 1962) que trouxe centenas de bailarinos e coreógrafos de todo o País, cujas apresentações lotaram o auditório da UFP. Veio também um coreógrafo americano chamado William Dollar, que ao chegar atrasado numa das apresentações tentou entrar pela porta dos fundos do auditório da Reitoria. Um feroz PM, irritado com o número de penetras que tentaram ludibriá-lo e passar por aquela porta, empurrou o coreógrafo americano, que em seu precário português tentou lhe explicar quem era, dizendo o seu nome. Ao que o policial esbravejou:
- Não adianta tentar me corromper. Nem com Dolar você entra por aqui.
E William Dollar ficou sem assistir ao espetáculo daquela noite.
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