Login do usuário

Aramis

A guerra pela maior audiência

Apenas um ponto separa a rádio Cidade do primeiro lugar no ibope entre as FMs da Capital, conforme a pesquisa de julho. Motivo para preocupar, obviamente, a equipe de Gilberto Fontoura, já que entre as duas emissoras, com 19,98% está a Atalaia, que com sua programação na base do chamado "povão" (classes "c" e "d" ), manteve-se imbatível no primeiro lugar por muitos anos, só perdendo a liderança no ano passado. Em quarto lugar aparece a Colombo do Paraná, também com sua linha de programação bem popular. A Independência tem alguns triunfos: uma boa equipe esportiva e os comunicadores Luis Carlos Martins e, principalmente, Algacy Túlio, na cobertura policial, no horário da manhã. Mas a briga de audiência é braba, podendo a Cidade - com sua nova antena e ampliando para 40 quilowatts a sua potência esbarrar no primeiro lugar. xxx Entre as FMs, o grupo Positivo também mantém uma liderança - ai com folga: a 104 está em primeiro lugar com 25,71%, somente seguida da Antena l, com 18,02%. A Caiobá FM fica em terceiro - com 15,42%, mínima vantagem sobre a Studio 96, que com 15,01% logo poderá equilibrar-se em terceiro lugar. A Ouro Verde-FM (ex-Universo) a programação de maior qualidade musical tranquila, suave, romântica, muito orquestrada - nem aparece nos melhores lugares. Apesar disto, tem uma audiência quase que cativa junto a uma faixa especial - "A" superior, o que representa um alto poder aquisitivo. Esta faixa poderá ser absorvida pela Rádio Estadual do Paraná, que sendo oficial e independendo do fantasma do Ibope, tem condições (e a obrigação) de fazer a programação de melhor nível cultural. Agora o novo coordenador de rádio e televisão da Secretaria Extraordinária da Comunicação Social, jornalista Adherbal Fortes de Sá Junior, experiente e de ampla visão cultural, quer tentar, mais uma vez, aquilo que já foi promessa e objeto de propostas frustradas tantas vezes: fazer do prefixo oficial uma emissora realmente cultural, dedicando-se a uma programação que as outras emissoras não fazem. Ou seja, com música clássica, jazz, grandes especiais, enfim montagens gabaritadas e personalizadas em termos profissionais. O primeiro passo para isto já foi dado: possivelmente o professor Alceu Shwaab, um dos paranaenses que melhor conhece música popular brasileira (mas também aberto ao clássico e jazz) assumirá a coordenação musical, com muitos (e bons) projetos. Só precisa ter apoio e condições técnicas-operacionais para desenvolver seus projetos. xxx O grande dilema dos dirigentes das emissoras particulares é a conquista de audiência. Um problema que não é apenas local, mas mesmo continental. Basta olhar um despacho transmitido pela UPI na semana passada, mostrando as 10 músicas mais tocadas nas emissoras das capitais latino-americanas, para se observar a uniformização que as multinacionais da indústria musical impõe. Em Assunção, a situação é terrível: as dez músicas mais executadas são americanas. Em Lima, a música americana ocupa sete das posições, número que cai para cinco em Santiago, quatro em La Paz. Roberto Carlos comparece em destaque nas programações de algumas emissoras: "Concavo Y Convexo", na versão para o espanhol é a quinta música mais executada nas emissoras de Bogotá, onde Nelson Ned com "La Voy A Matar" ocupa a sexta posição. Na Argentina, a situacão é mais nacionalista, com apenas duas gravações americanas, em 3o e 5o lugar, respectivamente. Um cantor chamado Dyango ainda inédito no Brasil aparece com destaque em várias listas, inclusive nas emissoras de Nova Iorque, Washington, Chicago, Miame, Los Angeles, que tem emissões voltadas às populações de língua espanhola. Em Caracas, há uma predominância de intérpretes espanhóis, com apenas um cantor americano (Robin Gibb) mencionado entre os mais executados. xxx O tema é amplo e comporta inúmeras (e demoradas) análises interpretações. Na busca de audiência, cada rádio luta com as armas que dispõe, mas infelizmente, em muitos casos - e em muitos países - continua-se a ouvir mais músicas em inglês do que na língua nacional.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
20
15/08/1984

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br