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Hemingway, a permanência de um mito da literatura

Um quarto de século após a sua morte - em 2 de julho de 1961, em Ketchum, Idaho - Ernest Miller Hemingway continua a ser o escritor e o mito. Enquanto a Civilização Brasileira reedita sua obra e na Itália uma de suas mais intimistas novelas - "Do Outro Lado do Rio, Entre as Árvores" (de 1950) é levada também ao cinema - nos Estados Unidos, mais três ensaios sobre sua vida são publicados: "Hemingway, A Biography" de Jeffrey Meyers (New York, Harper and Row, Publishers, 646 páginas); "Along With Youth Hemingway. The Early Years" de Peter Griffin (New York, Oxford University Press, 1985, 258 páginas) e "The Young Hemingway" de Michael Reynolds (New York, Basil Blackwell, 1985, 281 páginas). Como estas três obras não tem programação para edição no Brasil, quem desejar conhecer um pouco de sua vida fascinante tem que recorrer a "Hemingway - O Escritor como Artista" de Carlos Baker, que em tradução de Fernanda de Castro Ferro, a Civilização Brasileira reedita mais uma vez (anteriormente, já havia publicado, do mesmo autor, "Ernest Hemingway - O Romance de Uma Vida"). Em recente ensaio ("A brutalidade como Virtude Literária", "El País", transcrito pela "Folha Ilustrada" na edição de 26/4/86), Mario Vargas Llosa a propósito dos três novos livros sobre Hemingway, lembra que os editores não se cansam de publicar livros inéditos, reedições, biografias ou testemunhos sobre o autor de "O Velho e o Mar". Diz Llosa que nenhum outro escritor, vivo ou morto, foi tema de tantos livros de interpretação ou teses doutorais como Hemingway. HEMINGWAY NO BRASIL A Civilização Brasileira tem uma paixão especial pelas obras de Hemingway. Embora livros como "Do Outro Lado do Rio, Entre as Árvores" tenham tido lançamento em português, há 30 anos, pela editora Mérito, ou "Adeus às Armas" já tenha feito parte do catálogo de outras editoras, é pela editora de Enio Silveira que as obras de Ernest Hemingway surgem com mais constância. Em dezembro do ano passado, foram reeditados dois dos mais importantes de seus livros: "Paris é uma Festa", saborosas memórias de seus anos de Paris, da lost generation de intelectuais norte-americanos que se autoexilaram na Europa, particularmente na França da década de 20 (Fitzgerald, Pound, Virgínia Woolf etc.), teve tradução do próprio Enio Silveira e nesta 5ª Edição aparece com novas ilustrações. "Do Outro Lado do Rio, Entre as Árvores" estava há muito esgotado, por terem os seus direitos autorais revertidos ao espólio do autor. É uma obra outonal, repleta de nostálgica melancolia e de fino contraponto entre amor e morte, maturidade e juventude, que Hemingway considerava uma das melhores obras de sua carreira. Mais recentemente, foram relançados "Contos de Hemingway", obra reunindo seus melhores trabalhos no gênero (mas com algumas ausências graves, como "O Sol Também se Levanta", que teve em 1957 uma excelente adaptação cinematográfica de Henry King (1892-1982), com um elenco all star (Tyrone Power, Ava Gardner, Errol Flynn, Juliette Grecco etc.), o que o faz um dos bons momentos de Hemingway no cinema - tema aliás para uma outra matéria, qualquer dia destes (o mesmo King já havia levado a tela, em 1952, o seu clássico conto "As Neves do Kilimanjaro", com Susan Hayward e Gregory Peck). A mais famosa de suas obras, "O Velho e o Mar" - que lhe valeu o prêmio Nobel em 1954 - já está em 26ª edição, obra de perene interesse, não só pela sua alta qualidade literária, como pela elevação moral de seu conteúdo: é um hino dos valores positivos da condição humana. Reler Hemingway é sempre um prazer. E ter seus livros em catálogo é obrigação de uma editora que se preza.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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04/05/1986

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