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Aramis

A homenagem de Dalto à inesquecível Billie

Coincidência ou não, os 25 anos da morte de Billie Holiday (Eleonor Gough McKay, Baltimore, 7 de abril de 1915/Nova Iorque, 17 de julho de 1959) motivaram duas homenagens, da parte de intérpretes da MPB, a esta que foi, sem dúvida, a maior cantora negra da história do jazz. Sandra Sá, conforme registramos no último Domingo, em seu novo elepê reservou uma faixa para a transcrição de uma das mais belas gravações de Billie ( "I'm A Fool To Want You", de J. Wolf/Herron/Sinatra). Dalto, compositor e cantor que nestes últimos 4 anos emplacou uma série de sucessos populares, em seu novo elepê ( "Dalto", Odeon) fez uma homenagem mais explícita: uma canção chamada "Billie Holiday", parceria com Cláudio Rabello, em que o arranjo de Eduardo Souto Neto pediu uma grande orquestra – 4 trumpetes, 6 trombones, 3 sax, 7 violinos, violas, cellos, etc., para dar uma grandiosidade sonora as suas palavras apaixonadas em reverência a Ladyday, assim lembrada na estrofe: Seu nome: Miss Billie Holidy.../ Uma flor na mesa Quem foi que deixou assim? Alguém sem querer Foi você para mim? Olhos na fumaça/ Dessa vez não passa, fim. Já vou pedir você/ Assim que terminar meu gim Apesar de boa intenção e dos recursos de produção musical, a homenagem a Billie soa falsa inclusive erradamente ao lhe colocar como cantora de "cabaré de New Orleans", quando em sua vida – trágica e sofrida – Billie esteve muito mais na Big Apple. Esta é, entretanto, apenas uma das novas composições de Dalto e seu parceiro-irmão, Claudio Rabello, neste terceiro elepê realizado com bons recursos – garantidos pelos êxitos que tem conquistado. Fluminense de Niterói, ex-integrante do grupo Os Lobos , ainda nos anos 60, Dalto já gravava "Fany" – reflexo de uma fase de grande influência dos Beagles e sua chamada "fase do álbum branco". Após a participação nos "Lobos" perpetuada em dois compactos, um álbum e uma canção de defendida no FIC ( "Eu sou eu, Nicuri é o diabo" de Raul Seixas), faria, já em 1974, o compacto com "Flashbackk" que apesar de álbum sucesso, não o animou, na época a seguir a carreira musical. Ao contrario, preferiu um sólido curso universitário – no caso a medicina – só voltando ao mundo musical quando já tinha obtido o seu "canudo de papel". Trabalhando com um parceiro e irmão da maior identidade, Cláudio Rabello transformou-se, há 6 m anos, num compositor de grande popularidade: "Bem-te-vi" vendeu 250 mil cópias. Outra de suas músicas ganhou letra e gravação de Biafra (Maurício Pinheiro Reis, RJ, 1957), fazendo de "Leão Ferido", um dos maiores sucessos de 1980. Mas seria com "Muito Estranho" que a explosão aconteceria: mais de 800 mil cópias vendidas, "que a transformaram na música mais vendida dos 70 anos da história da Odeon Brasileira" no que informa Jorge Roberto Silveira. Assim, o "Relax" de um sucesso, fazendo de "Pessoa", seu segundo álbum, a repetir o retumbante êxito de "Espelhos D'Água", "Anjo", e a faixa título, deram a Dalto condições de ficar apenas na música – e deixar o diploma de médico emoldurado na parede. Agora, em seu terceiro elepê, há faixas curiosas – e ricas em termos de idéias. Além da super citada "Billie Holiday", ele vai do humor de "O Dia Seguinte" (uma viagem ao mundo jovem, dos anos 50 à década de 80) ao lirismo de "Ingênua".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
13/01/1985

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