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Humberto, dos bois à separação de MT

Mais do que vernissage, a abertura da individual de Humberto Espindola, quarta-feira, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná foi um reencontro de velhos amigos. Formado em jornalismo pela Universidade Católica do Paraná, turma de 1965 - que teve, entre outros, o ex-presidente do Sindicato, Jorge Narozniack, e a diretora-executiva da Fundação Cultural, Lúcia Camargo, o mato-grossense Espindola não chegou a trabalhar em jornalismo. Dos modestos desenhos que garatujava em seus tempos de universitário, evoluiu para um trabalho sério, ao retornar à sua cidade natal, Campo Grande, onde encontrou em Aline Figueiredo, crítica, professora de artes plásticas, pesquisadora, não é a musa mas também a grande incentivadora. A partir de 1973 em Cuiabá, onde fundou e dirigiu o Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade federal de Mato Grosso, passou a desenvolver um importantíssimo trabalho. Hoje, o Centro-Oeste já tem um movimento na área das artes plásticas dos mais ativos, que justificou inclusive o esplêndido trabalho de Aline Figueiredo, editado pelo centro gráfico do Senado Federal, com 360 páginas. Além dos estudos sobre os artistas plásticos de Brasília, Goiás e Mato Grosso, o volume (infelizmente inexistente nas precárias livrarias da cidade) traz um dicionário de quem é quem nas artes visuais daquela região. E que deveria servir de exemplo a um trabalho sobre o Paraná, onde apesar da presença de criticos e pesquisadores (Adalice Araújo, Aurélio Benitez, Nery Baptista) um antigo sonho continua distante: um livro biográfico sobre os nossos artistas plásticos. Talvez agora, com Enio na coordenadoria do patrimônio artístico da Sece e Cleto de Assis, secretário da Comunicação Social, tal idéia se concretize. Aliás, há mais de 10 anos, o projeto foi iniciado, inclusive com a parte fotográfica bastante adiantada. Mas um projeto como este exige um investimento perfeitamente justificável, mas que não traz dividendos apenas políticos como eventuais donos do poder desejam. Xxx Humberto Espindola é hoje um pintor consagrado nacionalmente. Tanto é que suas telas estão acima de Cr$ 50 mil, com mercado real e garantido. Prêmio de pesquisa na XI Bienal Internacional de São Paulo, Espindola ficou identificado com a chamada "bovinocultura", presença maior em sua obra. Enio Marques Ferreira, acentua no catalogo da mostra de Humberto (como sempre, um trabalho graficamente bem acabado) que "a saga do boi continuava como uma constante em sua obra, através dos mais variados enfoques e símbokos; chifres, couro, marcas, rosetas, rosas e todos os demais envolvimentos de sua exploração material e subjetiva pelo homem. Em determinado momento, ele vê o seu fantástico mundo ser desmembrado, como se o boi, o pantanal, o cerrado e a secular tradição matogrossense não pudesse conviver pacífica ou politicamente com a nova e milionária lavoura de cereais, posseira das férteis terras do Sul do Estado. Contra isso se levantou o artista. A melhor arma seria a simbologia agressiva de seu trabalho, para registrar de público a sua irreprimível revolta". E as telas ora em exposição no MAC mostram a visão de Espindola em relação a divisão de Mato Grosso em dois Estados. LEGENDA FOTO 1 - Espíndola" a saga do boi.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
10
08/08/1980

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