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Aramis

A ideologia de nossa política.

Uma equipe de alunos do setor de Ciências Humanas da Universidade Federal do Paraná está estudando a possibilidade de desenvolver um projeto que poderá ser uma significativa contribuição à nossa carente bibliografia de historia política regional: o levantamento da ideologia dos partidos e homens que, desde a proclamação da República, tem atuado no Paraná - tanto na área legislativa, como nos principais cargos executivos. xxx De principio, apenas uma idéia, sujeita ainda à aprovação de escalões superiores dentro da Universidade, a pesquisa deverá ser desenvolvida em várias etapas, dentro de uma indispensável independência, capaz de valorizar as informações, sem posições ou preconceitos pré definidos. Ao contrário, o estudo deverá possibilitar a que se entenda certas posições tomadas no passado, pelos (então) donos do poder - e cujos reflexos vêm até nossos dias. xxx Entre os professores do respeitado Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, já houve algumas iniciativas para entender a formação política do Paraná, com dados preciosos mas que, infelizmente, continuam restritos às cópias datilografadas das teses elaboradas. O professor Brasil Pinheiro Machado, 70 anos, e que será homenageado pelo Conselho Universitário na próxima sexta-feira, é, aliás, um exemplo de historiador-sociólogo, que, como poucos entende a política do Paraná. Isto porque ao lado do conhecimento teórico, dos livros com os quais convive há mais de 60 anos, teve também sua atuação no Executivo, inclusive exercendo o governo do Estado, num curto período, após 1945. Humilde e discreto, como os homens que realmente sabem das coisas, o professor Brasil Pinheiro Machado, apesar de ter atingido a idade da compulsória aposentadoria acadêmica, não vai deixar de contribuir com a UFP. Numa lúcida atitude, seus colegas de Departamento o convocaram para continuar como professor do curso de pós-graduação em história, o qual, é, aliás, um dos centros de ensino de excelência do País - e hoje com um prestigio internacional. Não seria admissível que um homem da cultura e gabarito do professor Brasil Pinheiro Machado, em pleno vigor, deixasse a Universidade apenas porque, cronologicamente, chegou aos 70 anos. Em espirito e entusiasmo, o professor Brasil continua a ser o mesmo mestre que o era em 1930, quando começou a lecionar na UFP. xxx Do entusiasmo de jovens alunos somado à experiência de mestres como o professor Brasil poderá surgir trabalho sério e profundo, capaz de tornar mais compreensível os nem sempre lógicos caminhos de nossa política. E principalmente, as posições dos homens que, há quase 80 anos, vêm se sucedendo no delicado equilíbrio da corda do poder tão tensa e frágil, como é a própria vida. Só que disto, os que, momentaneamente, ocupam o poder, esquecem-se com extrema facilidade. xxx Felizmente, existe a História. E os historiadores para, com imparcialidade, julgarem os fatos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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31/05/1978

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