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Aramis

As imagens de Foz para que o mundo a conheça

Demorou mas saiu. O mais esperado livro-arte do ano finalmente começa a ser conhecido, admirado e, naturalmente, disputado: "Foz do Iguaçu", com fotografias de Orlando Azevedo, abrindo a coleção "Nossa Terra", do Bamerindus, deixa os depósitos da Umuarama, onde os 5 mil exemplares estavam guardados há quase 60 dias e começam a serem distribuídos, criteriosamente, para clientes especiais, imprensa nacional, autoridades e também no Exterior. Mas uma razoável quota será reservada para que a direção do conglomerado financeiro disponha por muito tempo de um trabalho de nível internacional para oferecer a convidados muito especiais, especialmente os que visitam uma das fazendas-modelos do grupo localizadas naquela região. Afinal, foi a falta de material de alto nível, ilustrado, bilingüe, capaz de mostrar a grandes empresários, banqueiros, executivos e políticos que o Bamerindus tem anfitreonado em Foz do Iguaçu, que motivou o presidente José Eduardo Andrade Vieira autorizar um projeto de muitos (e muitos) mil cruzados - mas com um nível técnico e artístico ótimo, que sintetiza toda a beleza de uma das maravilhas do Planeta - captadas nos equipamentos fotográficos Hasselblad, de Orlando Azevedo, que durante mais de quatro meses operou mais de 3 mil imagens - das quais Oswaldo Miranda selecionou as 158 fotos usadas para o livro. xxx Projetos caros e bem cuidados como "Foz do Iguaçu" exigem o esforço de muita gente. Considerando a dimensão deste projeto - que teve de parte de Sérgio Reis, Diretor de Marketing e Comunicação do Grupo Bamerindus a primeira análise - coube a professora Maria Christina de Andrade Vieira a grande responsabilidade de fazer a coordenação final. Professora universitária e grande cultura adquirida ao longo de vivência internacional, voltada especialmente as artes visuais (por pouco mais de um ano manteve em Curitiba uma galeria que realizou grandes promoções), Maria Christina acompanhou página a página o desenvolvimento deste projeto. Em sua visão cultural, soube escolher os textos de alguns colegas da Universidade Federal do Paraná para sintetizarem nas palavras exatas, em textos didáticos sem serem cansativos, o fundamental da informação sobre a região objeto das fotografias. Assim as professoras Márcia Scholz de Andrade Karsten e Angela Duarte Damasceno Ferreira cuidaram da pesquisa histórica; Igor Schmyz escreveu sobre arqueologia e os professores Pedro Lagos Marques Filho e Paulo Levis abordaram a geologia. De nada adiantariam uma obra visualmente perfeita, com fotos maravilhosas, se não houvessem os dados precisos. Também era necessário equilibrar a palavra e este foi o grande mérito de Maria Christina que, com sua visão de coordenadora-editora, soube dar o ajuste certo entre os textos, as imagens e a criação gráfica - entregue a Casa de Idéias Editora de Vídeo e Gráfica Ltda., que tem Miran (Oswaldo Miranda) como seu grande suporte artístico, que fez toda a parte visual, enquanto a Editora Gráfica Burti Ltda. (São Paulo), com sua avançada tecnologia, garantiu a perfeita produção industrial. Aliás, a associação Miran/Burti já vem de longe, pois ambos estão irmanados do projeto que faz de "Gráfica" a mais sofisticada revista produzida no Brasil (o próximo número, novamente dedicado a mulher na criação gráfica, deve circular ainda esta semana). xxx Destinando-se em grande parte a um público internacional, o livro foi editado em seus textos em português e inglês - com versão de Martha Dias Schlemm e revisão do professor Eugênio Peccioli. Futuramente, num aproveitamento dos fotolitos e diagramação, surgirão outras edições - em japonês, francês e espanhol. Também não está descartada a idéia de uma edição comercial, pois mesmo tendo um alto custo de produção, existe um mercado para este tipo de publicações. O alto nível de "Nossa Terra - Foz do Iguaçu" - cujo lançamento oficial acontece no próximo dia 2, no Hotel Bourbon & Tower, às 20 horas (e no dia seguinte em São Paulo) - prova de como um livro de arte exige um trabalho competente de editoração. Nunca é demais lembrar (e denunciar) o verdadeiro assassinato editorial cometido pela Secretaria da Cultura do Paraná, no final da administração José Richa, ao aprovar a publicação de um livro de arte (sic) sobre "Sete Quedas", com fotografias do saudoso Helmuth Eric Wagner, falecido há um ano, que teve uma produção gráfica tão medíocre que um dos patrocinadores, o Grupo Boticário, se recusou sequer a aceitar a sua quota para distribuí-la. Patrocinada também pela Unicom - União de Construtoras Ltda. (que executou obras em Itaipu), o álbum foi tão mal executado que desperdiçou imensos espaços, prejudicando a qualidade fotográfica de Helmuth Wagner e num péssimo aproveitamento dos textos de Regina Benitez, Regina Rottemberg Gouvea, André Rebouças, Carlos Drummond de Andrade, Emílio de Menezes, João Manuel Simões, Paulo Leminski, Roberto Lange, Romário Martins, Ruy Wachowicz, Sebastião Paraná e Wladimir Carvalhar Kaveleridze. A péssima repercussão daquela obra - e que custou milhões de cruzados - fez com que a atual administração da Secretaria da Cultura retardasse a edição de um livro-arte sobre a Ilha do Mel, também com fotos de Helmuth Wagner, bem como a reedição de seu álbum sobre Serra do Mar. Felizmente, de parte da iniciativa privada, também estão surgindo outros projetos de livros de arte: Carlos Renato Fernandes fotografou, produziu e editou "O Paraná", obra belíssima, financiada por dez empresas locais, praticamente já esgotada. E a Incepa, acaba de lançar um livro-arte sobre a história do azulejo no Brasil, também com ótimo acabamento e que, a exemplo de tantas publicações de arte que se fazem no Brasil, pela pequena tiragem, está sendo disputada a tapa. xxx Sexta-feira no Solar dos Leões, haverá o lançamento da reedição de "Curitiba de Nós", álbum-livro com textos de Valêncio Xavier e ilustrações de Poty, patrocinado pela Nutrimental. Um projeto especial que merecerá registro a parte, futuramente.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/09/1989

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