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Incompetência faz com que a cidade perca bons shows

A Orquestra Filarmônica de Nova Iorque - uma das três mais importantes do mundo - vai se apresentar, dentro de algumas semanas no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre... Curitiba, mais uma vez ficará de fora deste grande espetáculo. Como também ficou no ano passado do roteiro do pistonista Miles Davis - uma das maiores expressões do jazz - e do guitarrista espanhol Paco de Lucia. Ambos poderiam ter vindo se apresentar no Guaíra. Os empresários chegaram a tentar datas mas a incompetência da direção fez com que os produtores desanimassem de programá-los. Três apenas, exemplos de muitos que poderiam ser lembrados para atestar o óbvio: nos últimos anos, os espetáculos de gabarito que aqui tem se apresentado acontecem muito mais pela boa vontade dos produtores do que pelo esforço (sic) da administração do Guaíra. Os empresários chegaram a tentar datas mas a incompetência da direção fez com que os produtores desanimassem de programá-los. Três apenas, exemplos de muitos que poderiam ser lembrados para atestar o óbvio: nos últimos anos, os espetáculos de gabarito que aqui tem se apresentado acontecem muito mais pela boa vontade dos produtores do que pelo esforço (sic) da administração do Guaíra. Ao contrário, além de jamais procurar tentar incluir Curitiba no roteiro dos grandes espetáculos, a diretoria do Guaíra ainda cria obstáculos para que os melhores momentos da arte aqui sejam aplaudidos. Paulo Autran, por exemplo, tem sérias reclamações em relação a questão de datas para seus espetáculos. Airto Moreira, paranaense adotivo, hoje o nome mais expressivo da percussão nos Estados Unidos, quase que aqui não se apresentou devido a falta de datas para seu espetáculo, em agosto do ano passado. Tudo porque falta ao atual superintendente do Guaíra uma visão cultural do que realmente deve ser programado num teatro. xxx A Filarmônica de Nova Iorque poderia se apresentar em Curitiba, se, há tempos, houvesse contatos com o Mozarteum, de São Paulo, que promove sua temporada no Brasil. Assim como a Filarmônica de Moscou, que também vem ao Brasil e em outrubro, o pianista de jazz Oscar Peterson. Entretanto, o que faz a superintendência do Guaíra? Acomodada no conforto das poltronas, jamais preocupa-se em buscar os bons espetáculos que vem ao Brasil e que só poderiam passar por Curitiba. Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre - para só citar três exemplos - recebem estas grandes produções, que mesmo com custos elevados, podem se tornar autofinanciáveis. Basta, para isto, que haja uma visão empresarial, dinamismo, bom relacionamento junto ao empresariado capaz de patrocinar as apresentações, reduzindo seus custos. Portanto, o Guaíra necessita em sua superintendência alguém de grande expressão não só no meio cultural, mas também com trânsito nas esferas oficiais e privadas. Um administrador honesto, competente e de imaginação para resolver problemas crônicos da Fundação e fazer com que a mesma seja o grande agente cultural do Estado. xxx A única grande realização artística, em termos locais, nos últimos quatro anos, foi, ironicamente, uma produção idealizada e produzida na administração Ney Braga: o balé "O Grande Circo Místico", de Chico Buarque, Edu Lobo e Naum Alves de Souza. Estreado dois dias após a posse de José Richa, este belo espetáculo foi levado a várias cidades brasileiras e mesmo a Portugal, sempre com sucesso. Projetou ainda mais o nome do Paraná e consolidou o Ballet Guaíra como um "Grande Circo Místico", de dança do País. O que fez a atual superintendência do Guaíra? Contratou novamente Chico e Edu para fazerem um novo espetáculo: "O Romance das Quatro Luas", com livreto do poeta maranhense Ferreira Gullar. Só que apesar da existência de um contrato, as datas não foram obedecidas e só há poucas semanas, consta, chegaram as partituras do balé, que estão "no cofre da Superintendência". Quando, já gravadas, deveriam estar sendo ensaiadas pelo balé. Claro que "O Romance das Quatro Luas" não vai estrear neste semestre. Não há tempo físico, nem recursos financeiros para tanto - embora o Bamerindus tenha se disposto a doar Cz$ 500 mil. Faltou energia e competência na condução, mais uma prova de que a direção do Guaíra tem que mudar, para que o governador Álvaro Dias possa, realmente, realizar um governos de dimensão nacional. LEGENDA FOTO 1 - Lúcio : denunciando manobras.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
15/02/1987

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