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Aramis

Instrumental

Formado por José Roberto Bertrami, o Zé Roberto dos teclados, Alexandre Malheiros, mais conhecido como o Alex do baixo, e por Ivan Miguel Conti Maranhão, o popular Mamão da bateria, o Azymuth vem se distinguindo pelo crescente aperfeiçoamento da técnica de seus integrantes pelo som característico do grupo e pela capacidade de fazer uma música universal, cujo conteúdo e mensagem podem ser entendidos pelos povos de todo o mundo. E isto é o que deve acontecer com o Lp "Light as a Feather", gravado aqui no Rio e editado nos Estados Unidos na etiqueta Milestone, da Fantasy Records. Mas, vamos ao início do Azymuth. Um dia Mamão e Zé Roberto se encontraram, começaram a trocar idéias e resolveram "transa música" juntos. Mesmo assim, ainda faltava um baixista para completar o trio. Toparam com Alex tocando num "buraco" em Copacabana. Depois do show, conversaram e o começo do Azymuth estava lançado. Começaram a armar um esquema de trabalho, escreveram seus primeiros temas e foram em frente. Em 69, Zé Roberto, Alex e Mamão, mais Frederico na guitarra, gravaram um Lp para a Equipe. Quatro anos mais tarde surgiu a chance de um novo disco - a trilha sonora do filme "O Fabuloso Fittipaldi". Nessa época, o Azymuth ainda não tinha um [estilo] de música definido, mas incrementaram o lance e a gravação acabou sendo uma espécie de pré-lançamento do conjunto, tendo sido muito bem aceita pela crítica e pelo público. Além do mais, isto serviu de estímulo para os rapazes que resolveram gravar um disco que trouxesse apenas o nome do conjunto Azymuth. Esse Lp saiu pela Som Livre, em 1974. Nesse mesmo ano, começaram a trabalhar com outros músicos e bons amigos, que com suas boas idéias sempre acrescentavam algo à banda. Pessoas como Ariovaldo, Carlinhos da Mocidade, Paraná e outros. No ano seguinte, gravaram um compacto duplo para a Polygram que continha: "Melô da Cuíca", "Tempos Atrás", "Zambi" e "O Que é Que se Vai Fazer Neste Carnaval?" (música que deixou Claude Nobs, diretor do Festival de Jazz de Montreaux, superentusiasmado com o grupo). Foi aí que surgiu o convite para participarem de Montreaux caso conseguissem patrocinador. Nas cartas de Claude, frases como "Eu vejo coisas diferentes neste tipo de música que estão fazendo" e "Vocês fazem realmente um jazz brasileiro", eram [freqüentes]. Em 76, o grupo fez apenas uma música para a trilha de uma novela.: "Pela Cidade", que de vez em quando ainda soa por aí. Em 77, transferiram-se para a WEA, gravaram "Águia Não Come Mosca" - o segundo Lp que trazia o nome do grupo - e atuaram no Festival de Montreaux, na mesma noite em que subiram ao palco nomes consagrados como os de Herbie Hancock e Billy Cobham. O talento começava a ser reconhecido. Bem, agora já é hora de falar no novo Lp do Azymuth - "Light as a Feather", no qual eles trabalharam durante todo o ano passado. Depois de excursionarem "coast-to-coast" nos Estados Unidos, acompanhando Flora Purim, receberam tremendo impulso da cantora e também de seu marido Airto Moreira (que em seu último álbum inclui quatro composições de Bertrami, inclusive "Partido Alto", faixa inicial deste Lp), hoje dois nomes altamente conhecidos e respeitados no meio musical norte-americano. Como uma coisa puxa a outra, o montante do trabalho do grupo ao lado de Flora e Airto acabou fazendo com que o Azymuth conseguisse esse contrato com a Fantasy. Neste Lp há também a participação do percussionista Aleuda e sua produção ficou a cargo do próprio Azymuth e de Joel B. Leibovitz. As faixas são as seguintes: "Partido Alto" - Música já gravada por Airto Moreira, mas que reaparece um pouco diferente. O andamento é mais rápido e Zé Roberto tocou percussão e cantou um uníssono com o piano elétrico. "Avenida das Mangueiras" - O nome foi tirado de uma rua perto da casa de Zé Roberto, em Tatuí, onde ele [jogava] bola quando garoto. "Light as a feather" - Uma música composta por Flora Purim e Stanley Clarke, que veio a ser a faixa-título e o carro-chefe do Lp nos Estados Unidos. Houve nesta faixa a participação de Aleuda na percussão e no vocal. "Vôo Sobre o Horizonte" - O grupo conseguiu descobrir uma nova maneira de tocar esta conhecida melodia e improvisa o tempo todo em torno daqueles quatro compassos. "Amazonia" - São quarenta segundos de efeitos de sintetizador Oberheim e ritmo. Apenas um interlúdio. "Jazz Carnival" - Não é jazz nem carnaval, mas para não dizerem que era discoteca ou sambão, escolheram esse nome. "Um Abraço na Mocidade" - Dedicada aos amigos da Mocidade Independente de Padre Miguel, esta faixa é um samba cruzado, daqueles que os bateristas da orquestra de Severino Araújo tocavam antigamente. "Dona Olímpia" - Música de autoria de Toninho Horta, acabou se constituindo na única balada do disco e segundo Zé Roberto, "é uma das melhores e mais bonitas baladas que eu já ouvi". "Existe Isso" - É um samba bem na linha do Azymuth, [porque] eles podem tocar a mil por hora, num andamento muito rápido. Para terminar, Zé Roberto tem algo a declarar. "Dê o que der, o nosso negócio é fazer só o que a gente quer. É só tocar. Se está dando certo, é que tem alguma coisa boa no meio. E se não tiver, vai continuar assim mesmo. Nos reunimos lá em casa, ligamos nosso gravador, e pronto. Não há nada pré-determinado. Se surgirem coisas para nos ajudar, como planos para internacionalizar a banda tudo bem. Mas o que eu não vou fazer é abrir mão, principalmente por que eu, o Alex e o Mamão não precisamos do Azymuth para sobreviver, já que somos músicos de estúdio e temos cada um nosso trabalho.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
21
06/04/1980

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