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Itamar e o canto livre do Araguaia

Está em Curitiba, Itamar Correia, 33 anos, uma das vigorosas revelações da música do Centro-Oeste e que está lançando um elepê ("Araguaia, Meu Brasil") considerado já uma das melhores produções independentes do período 1984/85. Veio especialmente para o musical de hoje programado pelo congresso da Juventude Socialista, hoje, às 20h30min, no ginásio do Tarumã, no qual estarão se apresentando também a dupla Zezé & Simões, Miran, grupos Andes e D'Ameryca e Rosy Greca. xxx Nascido no Rio, mas tendo passado toda a infância e a adolescência em Goiânia, Itamar começou a tocar violão e compor ainda adolescente. Filho de um casal de farmacêuticos que gostava de fazer música, a poesia e as músicas de Itamar sempre foram vigorosas, voltadas para a realidade brasileira. Do sonho Paz & Amor dos anos 60 para a brutal repressão que assistiu a partir de 1968, nasceu a consciência política que fez seus livros ("Vivo em Goi", 1978; "Araguaia, meu Brasil", 1980), compacto duplo (1982) e, finalmente este elepê (lançado no final do ano passado) serem testemunhos de sua época. Não é sem razão que as canções de Itamar falam de liberdade, luta e amor - e o disco de infância, Marco Antônio Dias Baptista, assassinado pela repressão em Goiás, aos 15 anos de idade. xxx Casado, três filhos - Yuri, Ludmila e Janaína - e vivendo há 4 anos entre Goiânia e São Paulo, Itamar tenta sobreviver de seu trabalho musical. Investiu Cr$ 25 milhões na produção do álbum "Araguaia, meu Brasil" que está levando, junto a um belo show, a todas as capitais brasileiras. Desta vez veio a Curitiba apenas em companhia de um amigo estradeiro, o flautista Horton Macedo (30 anos - que participa também de seu elepê). O crítico Ilmar de Carvalho, d'O Pasquim, foi o primeiro a sentir a importância de Itamar e a destacar sua composição "Xambioá" como uma das melhores músicas do ano (conforme referendum que O ESTADO publicou na edição de 30 de dezembro). Cabelos compridos, profunda consciência política e da necessidade do artista atuar em seu tempo, Itamar lembra Vandré e diz que "quem sabe faz a hora/não espera acontecer". Aberto a todas as influências brasileiras - do choro nordestino de seu grande amigo Canhoto da Paraíba a geração baiana, mas particularmente admirador da chamada "turma da estrada" mineira - Itamar Correia fala do Araguaia, do cheiro do mato e dos que sonham com a liberdade: Eh! Araguaia Quando o braço da gente Abraça a nascente E o novo raiar LEGENDA FOTO - Itamar Correia (na foto, com o violonista Canhoto da Paraíba), o cantor do Araguaia, no show dos jovens socialistas, hoje à noite.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
09/02/1985

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