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Ivo fala da briga e faz ameaças ao maestro Aldo

Ivo Lessa, advogado, cantor lírico - e também o chefe da assessoria técnica da Casa Civil do Palácio Iguaçu - telefonou a propósito da notícia aqui publicada (13/1/86) [04/02/86] em relação aos problemas que o maestro Aldo Hasse vem tendo em decorrência de seu idealismo em fazer duas temporadas da ópera "La Traviatta". Conforme aqui relatamos, o maestro Hasse, através do Madrigal Pró-Arte, confiante no apoio oficial, se dispôs a montar a ópera de Giuseppe Verdi e, no final, teve prejuízos que hoje ultrapassam Cr$ 130 milhões. Por coincidência, o maestro Hasse passou a ter ainda problemas maiores a partir do momento em que o tenor Ivo Lessa deixou de ser o principal intérprete da montagem - numa crise artístico-pessoal que se agravou entre os dois artistas. Ivo Lessa, posteriormente, nos encaminhou uma carta na qual faz duras considerações a respeito do maestro Hasse, reiterando sua disposição de processá-lo. Eis os esclarecimentos que Lessa trouxe à questão. " 1. Não sou responsável pelo fracasso do cidadão Aldo Hasse. Desconheço qualquer pedido de verba que o mesmo tenha feito à Secretaria da Cultura e do Esporte e não me caberia opinar a respeito, visto que não sou funcionário daquela pasta. 2. As calúnias e injúrias que esse cidadão lançou contra minha pessoa já foram objeto de ação judicial, interrompida mediante acordo, o qual foi aceito por se tratar de adversário que implorou piedade e só nos merece pena pelas desastradas atitudes que costuma tomar. No entanto, o acordo assumido por esse cidadão não foi até hoje cumprido, por isso este assunto terá prosseguimento pela Justiça. 3. As mentiras e calúnias agora reiteradas serão objeto de novo processo judicial que estamos providenciando, inclusive quanto ao envolvimento do nome de minha mulher neste assunto. 4. Não me cabe responder pela Secretaria da Cultura e do Esporte ou por outra entidade citada, mas, a título de informação gostaria de esclarecer que: a) Quem procurou contato para a montagem da ópera "La Traviatta" foi o sr. Aldo Hasse, como presidente do Madrigal Pró-Arte - época em que o ajudei gratuitamente, mesmo porque ele sequer sabia elaborar um esboço de projeto - mas não foram liberados os recursos solicitados; b) Com a mudança de governo havia perspectiva de montagem daquela ópera, impossível, porém, no prazo exigido por esse cidadão, pois não havia recursos previstos no orçamento para essa finalidade naquele início de gestão; c) O Madrigal Pró-Arte, sob a liderança desse indivíduo, resolveu assumir a montagem por conta própria, tendo recebido todo o apoio do Teatro Guaíra, sem custos; d) Fui excluído do elenco arbitrariamente depois de longo período de estudos e trabalho e substituído por um cantor estrangeiro; e) O sr. Aldo Hasse admite que teria que indenizar um artista estrangeiro por quebra de contrato, mas não teve nenhuma dignidade em reconhecer e respeitar o trabalho de um artista paranaense; f) Movi, em virtude disso, ação judicial, que só não levou esse cidadão a uma dura pena porque sua situação era mesmo deplorável e não seria digno bater num homem derrotado e caído em desgraça; g) Em face do não cumprimento da sentença judicial e diante das novas calúnias e injúrias, o sr. Hasse responderá perante a Justiça; h) Nunca tive qualquer relacionamento com a Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa ou como Coral da Universidade Católica, desconhecendo, portanto, as razões da dispensa de Hasse dessas funções". xxx Independente das explicações do sr. Ivo Lessa, o fato é que mais uma vez a montagem de uma ópera em Curitiba resulta em prejuízos (anteriormente, já houve projetos frustrados e que deixaram tristes resultados). O maestro Aldo Hasse sofreu, afinal, prejuízos que subiram a Cr$ 130 milhões, comprometendo o seu pequeno patrimônio, obrigando-o a sacrifícios pessoais para saldar os compromissos e lhe trazendo, há quase dois anos, sérios aborrecimentos. Lessa, por sua vez, também reclama de prejuízos artísticos e profissionais - que o levaram a processar a Aldo Hasse, numa questão que teve um acordo preliminar no qual o maestro se comprometeria em divulgar uma carta na qual reconheceria os méritos artísticos de Ivo Lessa. Entretanto, como o documento não foi assinado, Lessa pretende agora reiniciar o processo contra Aldo, já que, furioso, não vê outra forma de ressarcimento moral. Paralelamente a tudo isto - ao qual a Justiça deverá dar a última palavra - fica uma lição. No Paraná, ao menos durante este infeliz governo José Richa, qualquer idealismo em montar um espetáculo cultural é risco imenso. Portanto, Aldo Hasse está pagando o alto preço pelo seu entusiasmo em ver uma ópera de Verdi no palco do Guaíra. E, convenhamos, que a atual política peemedebista, é muito mais para saltimbancos do que para espetáculos de bel-canto.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
15/02/1986

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