Login do usuário

Aramis

Joffily, londrinense por adoção, explica a candidatura na Paraíba

Embora não queira precipitar os acontecimentos políticos - "já que surpresas sempre acontecem", repete em sua sabedoria de meio século de vivência entre experientes raposas políticas - o historiador, empresário e ex-parlamentar José Joffily, 75 anos, não esconde mais que o lançamento de sua candidatura ao governo da Paraíba - sua terra natal e pela qual foi deputado por 4 legislaturas, a partir de 1946, após ter exercido outros cargos importantes - cresceu muito nas últimas semanas. Empresário bem sucedido em Londrina - onde se radicou há 25 anos, ali fundando e presidindo a Herbitécnica S/A, Joffily, voltando-se à produção de polêmicos livros de história, não deixou de manter seus vínculos com a Paraíba. Tanto é que, agora, seu nome foi lembrado pelas esquerdas - PT, PCB e PC do B, como o que reunia melhores condições para enfrentar as poderosas oligarquias que dominam a política naquele Estado - de tradições violentas em sua política. Joffily lançou há poucos dias um corajoso manifesto, no qual faz críticas e dá nome aos bois em termos de posicionamento como candidato independente ao governo de um Estado que, como denuncia, vem sofrendo um processo de esvaziamento econômico e tendo suas contradições sociais agravadas nos últimos anos. xxx Joffily, em seu estilo objetivo e corajoso, inicia o manifesto lembrando que por duas vezes foi expulso da Paraíba - mas nem por isto deixou de manter vínculos profundos com o Estado. A primeira, "pela atrocidade da ditadura das baionetas, na primeira lista de cassados de 1964. Depois que me vi espoliado até no direito de votar, emigrei para o Paraná, onde, como simples desterrado, mas participando da Resistência, recomeçaria, de cabelos brancos, uma nova existência. Abri, então, com minhas próprias mãos, um espaço profissional que vem me permitindo sobreviver, sem depender de nenhum governo - municipal, estadual ou federal". Em 1964, Joffily chegou a ser preso e teve uma condenação absurda: 57 anos e 6 meses. "Meu crime: defender a Reforma Agrária e revelar a face dos que assassinaram militantes das Ligas Camponesas". Entretanto, seus advogados conseguiram rever o processo e foi absolvido, quando veio recomeçar sua vida. Mais recentemente - em 8 de maio de 1988 - foi expulso do PMDB na Paraíba, por ter feito denúncias "dos marajás e outros desmandos administrativos e às orgias publicitárias". Ao invés de obter uma resposta clara, foi perseguido e acusado de "político superado e historiador frustrado". Ao que, Joffily agora responde: - "Político superado não sou. Tanto assim que estou sendo convocado pelo principal partido, o PT, apoiado pelas demais agremiações progressistas, para uma avaliação conjunta do processo sucessório da Paraíba. Isto porém, não quer dizer que eu seja candidato. Mas é, pelo menos, um legítimo atestado de minha integridade". No manifesto, Joffily faz denúncias sérias em relação ao governo da Paraíba, relacionando gastos do atual governador com a publicidade - Cr$ 7 bilhões - e o que se poderia fazer com este dinheiro em favor da população. Mostrando este quadro, diz o historiador e político: - "Por que deve a pobreza da Paraíba continuar tolerando tantas humilhações sem ter a quem recorrer? Enquanto o mundo inteiro - até a Rússia - passa por substanciais transformações democráticas, por que a Paraíba continua como dantes no quartel de Abrantes?" LEGENDA FOTO - Joffily: depois de duas décadas de Paraná, a volta à política braba na Paraíba. Pela esquerda.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/04/1990

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br