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Aramis

Joni e Marianne, os bons retornos vocais

Não é apenas no Brasil que o canto é das mulheres. Internacionalmente, neste final de 87, um punhado de cantoras jovens, elétricas e bonitas dão o seu recado e chegam às lojas, quase simultaneamente ao aparecimento de seus discos nos EUA. Por exemplo, o novo filme de Madona ("Who's That Girl"?), ainda não tem data de estréia entre nós mas a WEA já lançou sua incrementada trilha sonora. Pela CBS, temos o timbre metálico de Regina Bello ("All By Myself"), uma cantora que lembra Aretha Franklin e Chaka Khan. Estréia num álbum que passa pelo funk, balada-show e o Rhythn's Blues. Um retorno auspicioso é de Joni Mitchel, cuja carreira estende-se por duas décadas, marcadas sempre pela marca de uma música moderna e pessoal. "Dog Eat Dog" (WEA, outubro/87) é o seu 14º lp, logo após o aclamado "Wild Things Run Fast" (1982). Neste disco, Joni Mitchel traz uma visão crítica do mundo, abordando assuntos que vão desde a Etiópia aos evangelistas que usam a televisão, passando por política e amor. Há participações especiais marcantes, inclusive do músico Wayne Shorter e do cantor Thomas Dolby, valorizando este retorno de Mitchel. Mas falando em retornos, a grande volta é de Marianne Faithfull, que, aliás, parece um fênix em termos de renascimento musical. Descoberta em 1964, então com 17 anos, pelo produtor dos Stones, Andrew Loog Gidham, Marianne chegou às paradas com a balada "As Tears Go By", composta por Mick Jagger e Richards. Apesar de outras canções de sucesso, ficou conhecida como amante de Jagger - de quem se separaria em 1970, quando tentou suicídio com overdose de heroína. Fez filmes (como o sensual "A Garota da Motocicleta") mas não chegou a emplacar. Em 1979, porém, com "Broken English" reapareceria com vigor, seguindo-se "Dangerous Acquaintances" (1981) e "A Child's Adventure" (1983). Mas é agora, com "Strange Weather" (WEA) que temos a melhor Marianne, com um trabalho sólido, citações que nos remetem a um estilo Marlene Dietrich/Lotte Lenya - e não foi sem razão que o produtor Hal Wilner a convocou, há algum tempo, para gravar a "Ballad of the Solide's Wife, num álbum em homenagem a Kurt Weill ("Lost In The Stars"), inédito no Brasil. A capella, Marianne dá uma gutural interpretação a "Ain'Goin' Down To The Well No Mo", mergulhando depois numa personalíssima recriação do clássico "Yesterdays" (Otto Harbach / Jerome Kern). A canção-título deste álbum é de Tom Waits e sua mulher, a dramaturga Kathleen Breenan (juntos fizeram "Franks Wold Years", que também está saindo agora pela WEA), que, como tão bem lembrou o crítico Antônio Carlos Miguel, adapta-se como uma luva à sua voz embargada. Em suma, eis um disco magnífico, com um clima denso, trazendo velhos blues, standards da canção americana ou do rock envolvidos por um instrumental basicamente acústico em inventivos arranjos. Um dos melhores álbuns do ano. LEGENDA FOTO 1 - Joni Mitchell LEGENDA FOTO 2 - Marianne Faithfull
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
16
01/11/1987

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