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Jorge, agora na cadeira do júri

No XVII Festival do Cinema Brasileiro de Gramado (maio/1989), a maior sensação foi "Ilha das Flores", de Jorge Furtado, cineasta que anteriormente já havia mostrado seu talento em "O Dia em que Dorival Enfrentou a Guarda" (exibido por semanas nos cinemas da Fucucu, em Curitiba, como complemento) e "Barbosa". Este ano, a 18ª edição do mais importante festival do cinema brasileiro - que mesmo sem qualquer ajuda do governo, emagrecido e com temperatura abaixo de zero, acontece nesta semana graças a guerra de Esdras Rubin, secretário de Turismo do município - Jorge integra o júri que escolherá os melhores entre os cinco longa-metragens, todos inéditos, que desde a noite de segunda-feira, disputam os Kikitos. Jorge Furtado passou o último ano viajando, razão pela qual não fez nenhum novo filme (teve convites até para chegar ao longa, mas, modestamente, preferiu esperar). Esteve em Berlim, onde o seu "Ilha das Flores" recebeu o Urso de Prata, na categoria de curta-metragens. Posteriormente, em Oberhausen, também na República Federal da Alemanha, foi júri da 30ª edição do mais famoso festival de curta-metragem do mundo. Em entrevista para um redator da "Internationes Press", em material distribuído pelo Consulado Geral da RFA, Jorge disse a respeito: - "Foi uma experiência enriquecedora conviver com um grupo de profissionais de cinema, especialmente em seus respectivos campos". Os nove membros do júri do festival de Oberhausen, discutiram demoradamente os 80 filmes em competição e, diz Jorge, "na concessão dos prêmios teve maior consideração sua qualidade e o enredo de suas temáticas". O grande prêmio, no valor de 5.000 marcos, foi para o documentário "Elegia Soviética" (Sovetskaja Elegija), de Alexander Sokurow. Premiado também o único concorrente brasileiro - "Anil", de Fernando Belen, curta de 8 minutos, sobre o trabalho das lavadeiras de Salvador. Médico e cineasta, Belen fez um filme em que sem deixar de colocar tons de misticismo "criou um enigma que cada qual tem que solucionar por si ao final". Apesar de uma das diretoras do festival de Oberhausen ter visitado vários países latino-americanos, passando inclusive por Curitiba, no decorrer de 1988/89, a presença do cinema de nosso continente em Oberhausen, este ano, foi menor neste ano em conseqüência de (também a exemplo de outros festivais europeus), ter se voltado para as transformações nos países do Leste e uma abertura ao cinema do Oriente Médio. Em 1989, o Brasil esteve representado em Oberhausen por 7 documentários. Este ano, ao lado de "Anil", as duas outras contribuições latino-americanas foram o filme venezuelano "Mediodia", de Rafael Straga Zue e o documentário colombiano "Amor, Mujeres y Flores", de Martha Rodrigues. xxx A nova diretora do festival de Oberhausen, Angela Haardt, assegurou, ao final, que o festival continuará desbravando o "caminho aos vizinhos", incluindo nisto os geograficamente mais distantes e, especialmente, os das regiões e países em desenvolvimento. Este ano, participaram 400 filmes de 36 nações. xxx Em Gramado, entre os curta-metragens, categoria 35mm, que disputam as premiações de filme e direção, há um único representante no Paraná: "Vamos Juntos Comer Defunto", de Eloy Pires Ferreira, rodado há quase dois anos e concluído com imensas dificuldades. Os poucos que o assistiram antes da primeira cópia ter sido enviada para Gramado, garantem que o curta tem méritos. xxx Jorge Eduardo Lourenço Jorge, crítico de cinema em Londrina, professor e diretor da Casa da Cultura da Universidade, integrou este ano o júri de seleção dos longas inscritos na 18a edição do Festival de Gramado. Há 3 anos, Jorge já havia sido júri na categoria dos longas. LEGENDA FOTO - Jorge Furtado (à direita), diretor de "A Ilha das Flores" - o grande momento do cinema documentário brasileiro em 1989 - após ganhar vários prêmios no Brasil e o Urso de Prata em Berlim, este ano, foi júri do festival de curta-metragem de Oberhausen (na foto, ao lado de dois colegas do mesmo) integra nesta semana o de longa-metragens que disputam os Kikitos em Gramado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
03/08/1990

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