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Jorge, um brasileiro, chega à tela com ajuda dos suecos

Além de participar de um seminário sobre a comunicação e a segurança de trânsito a se realizar em Berlim, a partir do dia 5, o jornalista J. Pedro, gerente de imprensa da Volvo, também fará alguns contatos visando divulgar um filme, ainda em fase de finalização, da qual a multinacional sueca é, indiretamente, co-produtora: "Jorge, um Brasileiro", de Paulo Thiago. Rodado no Interior de Minas Gerais, entre abril a julho de 1987, a adaptação para a tela do romance de Oswaldo França Júnior (duzentos mil exemplares já vendidos) teve a fundamental colaboração da Volvo, cedendo cinco caminhões, num investimento ao redor de US$ 200 mil - do orçamento global de US$ 1.500.000. Na noite de quarta-feira, 27, Gláucia Camargo, 36 anos, mineira de Belo Horizonte, esposa de Thiago e produtora-executiva do filme, jantou com Mats-Olav Palm, presidente da Volvo - acompanhado de seus principais executivos, no Challet Suíço. No cardápio, uma troca de idéias sobre o lançamento mundial do filme - ainda neste semestre - e que terá a ajuda da Volvo. Atualmente em fase de montagem de sua trilha sonora - música de Túlio Mourão, com uma canção tema inédita (letra de Ronaldo Bastos, na voz de Milton Nascimento - "Jorge, um Brasileiro") se tiver suas cópias aprontadas a tempo estará na disputa para representar o Brasil na 41ª edição do Festival de Cinema de Cannes. Que, este ano, terá uma briga-de-foice para a escolha do filme que deverá concorrer pelo nosso país: Luís Carlos Barreto deseja que "Luíza Homem", direção de Fábio Barreto, seja o representante - mas Norma Benguel ("Pagu"), Ruy Guerra ("A Bela Palomera") e Alberto Savá ("A Menina do Lado"), entre outros, também alimentam sonhos de obterem a glória. Gláucia Camargo, bonita e simpática, mostra-se discreta em relação a esta indicação: - "A inscrição de "Jorge, um Brasileiro" para disputar a mostra competitiva talvez seja prejudicada pelo fato da cópia não ficar pronta a tempo. Mas de qualquer forma, levaremos o filme e alguns de seus artistas para exibi-lo em mostras paralelas". História de um caminhoneiro, Jorge (Carlos Alberto Ricelli) e suas aventuras pelo interior afora, o filme teve um grande esquema de produção. O ator norte-americano Dean Stockwell, 51 anos, 43 de cinema (começou criança, em "O Vale da Decisão", produção da MGM, 1945), faz o personagem Mário, o patrão de Jorge - que ama duas mulheres - Sandra (Glória Pires) e Fernanda (Denise Dumont, a brasileira que apareceu numa seqüência de "Radio Days", de Woody Allen). Roberto Bonfim, Fábio Sabbag, Paulo Castelli, Waldir Onofre, Jackson de Souza - bons atores característicos, fazem também papéis de caminhoneiros - e no elenco feminino há destaques para as belas Imara Reis e Denise Bandeira - enquanto dois novos atores - Paulo Castelli e Antônio Graffi - tem boas participações. Um vídeo de 10 minutos, narrado em inglês, mostrando aspectos das filmagens, foi preparado para J. Pedro levar a Europa na próxima semana. Este "avant-trailler" já mostra a bela fotografia de Antônio Meliande e a cuidadosa cenografia de Clóvis Bueno (que integrou a equipe de "O Beijo da Mulher Aranha", de Hector Babenco). Mineiro de Aimorés, 42 anos, 20 de cinema, Paulo Thiago chega com "Jorge, um Brasileiro" a seu sexto - e mais ambicioso - longa-metragem. Depois de três documentários ("À Guimarães Rosa", "Memória de Ódio" e "Museu de Ouro de Sabará"), estreou com o longa "Os Senhores da Terra", em 1970. Depois de dois filmes com origens literárias - "Sagarana, o Duelo" (com base em Guimarães Rosa, 1974) e "Soledade" (adaptação de "A Bagaceira", de José Américo de Almeida, 1976), afundou numa caótica superprodução rodada em Pernambuco - "A Batalha dos Guararapes" (1978). Só em 1984 voltaria ao longa-metragem com "Águia na Cabeça" - thriller sobre o mundo dos bicheiros cariocas. Apesar de ser o ocupadíssimo presidente dos Produtores Cinematográficos (está em seu segundo mandato), encontrou tempo para mergulhar fundo na realização de "Jorge, um Brasileiro" - filme que pelo seu próprio custo tem que chegar ao mercado internacional para a recuperação do investimento. Afora Cannes, "Jorge, um Brasileiro" poderá ser levado a outros festivais internacionais. Gláucia Camargo, é de uma discrição mineira: não fala sobre a presença, mesmo em hors concours, em festivais nacionais - Gramado (em abril) ou FestRio (em junho). Em compensação, com toda razão, enaltece a coragem e a colaboração da Volvo, associando-se a produção: - "É significativo que uma empresa multinacional acredite num projeto do cinema brasileiro. Um exemplo para outros grupos empresariais - fórmula viável para tornar possível a realização de projetos de grandes investimentos". LEGENDA FOTO - Filmagens de uma seqüência de "Jorge, um Brasileiro", no pátio interno da Volvo, na Cidade Industrial de Curitiba.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
30/01/1988

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