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Juarez, o anfitrião de Requião em Paris

O próspero marchand-de-tablaux e arquiteto Waldir Assis telefonou para o seu amigo Juarez Machado, em Paris, na semana passada e surpreendeu-se com uma voz diferente, atendendo ao telefone: - "Monsieur Juarez Machado não está. Quem fala é o mordomo". Embora acompanhando a prosperidade econômica de Juarez - devida, em parte, ao sucesso de suas exposições no Brasil por ele organizadas - Waldir surpreendeu-se em saber que a sofisticação do artista catarinense havia chegado ao ponto de ter contratado um mordomo para servi-lo em seu apartamento localizado num antigo castelo no bairro de Marais. Continuou a falar, até que percebeu que do outro lado da linha estava o próprio Juarez, que não resistiu e soltou uma interurbana gargalhada. Estava, em seu humor barriga-verde, brincando com seu amigo curitibano. Em seguida, Juarez disse que iria chamar ao telefone uma pessoa que havia acabado de chegar em sua casa para jantar. Do outro lado da linha, a voz foi facilmente reconhecível: era Roberto Requião. Que, também com muito humor, fez com que a ligação de Waldir acabasse se estendendo por mais 20 minutos - o que significa que sua conta com a Telepar este mês estará bem mais elevada - apesar de normalmente estar constantemente em conversações internacionais. xxx Em suas férias européias, Roberto Requião e a esposa Maristela incluíram como um dos primeiros compromissos uma visita a Juarez. Afinal, são amigos de muitos anos, especialmente Maristela, que em sua juventude, no início dos anos 60, teve como primeiro emprego a de auxiliar de Eugenia Petrius, na pioneira Cocaco, na Rua Ébano Pereira. Única galeria de arte da cidade na época - aberta em 1956, por Ennio Marques Ferreira, Loio Pércio e Manoel Furtado, a Cocaco foi, por mais de dez anos, um centro de encontros de jovens artistas. Ali, mesmo quando a ucraniana Eugenia Petrius assumiu a casa, se encontravam jovens artistas como João Osório Brzezinski, Fernando Calderari, Juarez - que havia chegado a pouco de Florianópolis, Jair Mendes e um italiano da Riviera Del Fiore, Franco Giglio - que a caminho de Porto Alegre, havia parado em Curitiba por um dia, aqui tomou um grande pileque, enturmou-se com os artistas e ficou por mais de 20 anos - só voltando à Itália poucos anos antes de morrer em seu apogeu artístico. Aquela geração que fazia ponto na Cocaco - num primeiro estágio, antes de adentrar etilicamente nos bares do Zanchi, Jockey, Trocadero e Guairacá (todos de saudosa memória), participavam de um universo que ficaria dentro de nossa história artística. Na Cocaco, a então jovem Maristela, começaria a se interessar por arte e decoração - o que viria desenvolver, anos depois, já casada com Roberto, na loja A Nacional, da família Requião. Assim, Maristela e Roberto Requião sempre circularam com desenvoltura nos meios artísticos - formando uma boa coleção de artistas paranaenses. Juarez Machado, naturalmente, ficou entre os bons amigos do casal. Agora, viajando a Paris, foram rever o amigo - e jantaram em sua residência, deliciando-se com os pratos que Eliane sabe preparar com maestria. Como diz João Osório Brzezinski - que no ano passado foi privilegiado hóspede de Juarez - enquanto ele faz seus quadros - cada vez mais belos - a esposa Eliane desenvolve seu lado de mestre-cuca, estagiando com os mais famosos "restareteurs" da França. - "Ela já está ao ponto de abrir um restaurante de classe A, digno das 4 estrelas do Guia Mechelim", diz Brzezinski. xxx A sofisticação do casal Machado em termos gastronômicos é imensa. Tanto é que em fevereiro, quando foi hóspede de Juarez, João teve uma surpresa que até hoje lhe traz água na boca: após assistir "A Festa de Babete", Eliane preparou um jantar "idêntico - e acho que até superior - ao que Babete fazia no filme", diz João. LEGENDA FOTO - Juarez: recepcionando Roberto Requião em Paris com banquete 5 estrelas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
03/02/1991

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