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Aramis

Kronos renovou cordas e os outros clássicos

A primeira impressão, olhando-se a capa, é de que se trata de mais um grupo de música pop. Mas apenas o visual, pois na verdade, o Kronos Quartet, formado há 15 anos, em São Francisco, significa a mais importante oxigenação para a música erudita. Como diz Navid Harrigton, violinista e líder do grupo, "o quarteto de cordas estava morrendo porque estava confinado aos conservatórios. Tínhamos que trazê-lo para a música contemporânea e para o público". E o Kronos conseguiu isto - participando de projetos avançados e atraíndo um público jovem, que através dele entra em contato com autores como Bartok, Debussy e Shostakovich, além de contemporâneos como Philip Glass, Terry Riley e John Cage - sem falar em citações de Jimi Hendirx e Thelonious Monk. Inovaram no visual, substituíndo trajes de gala por esportivos, o que lembra até uma banda new wave. "O jeito de vestirmos reflete nossas atitudes. Assim conquistamos mais público", diz o violoncelista Jean Jeanrenaud, que junto com Hank Dutt (viola) , Harrigton e John Sherba (segundo violino) forma este grupo que rivataliza (e revoluciona) a música erudita e que chega ao Brasil com seu mais recente álbum ("White Man Sleeps", Nonesuch/WEA), com peças de Kevin Volans, Charles Ives, Jon Nassel, Ben Johnston, Bela Bartok e até Ornette Coleman - um jazzista também de experimentos jazzísticos. xxx Considerado um dos melhores conjuntos de cordas do mundo, I Musici prefere a tradição - e em seu repertório o autor que mais executam (e gravam) é Antonio Vivaldi (1678-1741). Em dois excelentes lançamentos da Polygram/Philips, temos I Musici interpretando seus cocertos para fagote, cordas e contínuo, tendo como solista convidado Klaus Thuneman e, também da Vivaldi, seis concertos para flautas, cordas e contínuo, desta vez tendo por solista um dos três mais notáveis flautistas do mundo, Auréle Nicolet, que foi professor de Norton Morozowicz - e, seu amigo, já dividiu com ele alguns concertos internacionais. São dois álbuns que se completam em sua importância, oferecendo aos apreciadores de Vivaldi, e do grupo I Musici, a oportunidade de ouvirem gravações com virtuoses da dimensão de Thuneman e Nicolet. xxx "Aimez-vous Brahms?" foi o título de um dos mais famosos romances de Françoise Sagan, publicado em 1959, e que em sua transposição ao cinema interpretado por Ingrid Bergman. E quem ama Brahms, tem uma dupla chance de ouvir composições deste autor falecido há 91 nos. Com a Filarmônica de Berlim, regida por Herbert Von Karajan, temos a sua Sinfonia nº 1 em Dó Menor, opus 68, concluída somente em 1876, quando já contava 43 anos. Entretanto, havia começado a trabalhar nesta Sinfonia aos 23 nos, demorando sete anos somente no primero movimento. Abandonou o projeto e só retomou em 1874, demorando mais dois anos para concluí-la - resultando um obra que, saudada pela crítica como "genuinamente beethovenniana, foi a concisão e perspectiva em larga escala do argumento que se seguiu". Com o Trio Beaux Arts, formado por Menahem Pressler (paino), Isidore Cohen (violino) e Bernard Grenhouse (violoncelo), que recentemente esteve no Brasil, temos em álbum duplo, os quatro trios de Brahms para piano. Já os apreciadores de Johann Sebastian Bach (1685-1750) podem, ufanisticamente, se deliciar com o novo álbum do carioca (apesar do nome) Jean Louis Steuerman: como solista da The Chamber Orchestra of Europa, regida por James Judd, numa gravação feita em outubro de 1986, em Viena, temos Steuerman executando três (Ré Menor, Sol Menor e Fá Menor), de Bach. Aos 39 anos, Jean Louis Steuerman vive há 20 anos na Europa e sua carreira vem se firmando cada vez mais, com gravações pela Philips, que, aos poucos, estão saíndo também no Brasil. xxx Além da "Opera Gala " - a preciosa coleção em dez volumes, editada exclusivamente em cassete de cromo - a Polygram lança, em elepês, dois históricos registros de grandes vozes. Com gravações originais da London, na série Grandi Voci, temos Renata Tebaldi interpretando árias das óperas "Tosca", "La Bohéme", "Madame Butterfly", "Manon Lescaut", "La Fanciulla Del West", "La Rondine", "Gianni Schichi", "Suor Angelica" e "Turandot". Com Giuseppe Di Stefano, também uma seleção de árias de óperas como "I'Elisir d'Amore", "La Gioconda", "La Forze Del Destino", "Mefistofeles" e "Carmen", entre outras.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
12
21/08/1988

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