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Aramis

Leny, a nossa jazz singer

Reconhecidamente a melhor cantora de jazz do Brasil, a carioca Leny Andrade, 46 anos completados no dia 25 de janeiro, só nos últimos anos passou a ter um reconhecimento merecido. Com 37 anos de carreira - aos nove já se apresentava no Clube do Guri, na Rádio Tupi e, mais tarde, nos programas Silveira Lima e César de Alencar, Leny foi uma das grandes vocalistas da Bossa Nova. A partir de 1961, no Beco das Garrafas no Rio de Janeiro (Bacará, Bottles), tornava-se uma intérprete criativa, marcando músicas como "Estamos aí" (Maurício Einhorn/Durval Ferreira), que se tornou seu próprio prefixo. Trabalhos como crooner da grande orquestra que Dick Farney (1927-1987) organizou em 1962, uma experiência internacional no México a partir de 1966 (ali permanecendo 5 anos) e tendo álbuns que são hoje raridades - principalmente os que dividiu com Pery Ribeiro - sempre foi uma cantora mais cultuada e respeitada na noite, entre os músicos e especialistas, do que junto ao grande público. Sem abrir mão de seu estilo personalíssimo, emocional, Leny marca todas as canções que interpreta - e assim fez com a releitura que deu às músicas de Cartola, num disco produzido por Paulinho Albuquerque, inicialmente como brinde da Coca, mas que lançado pela SBK Songs, seria um dos melhores do ano passado. Abrindo espaços em Nova York - onde tem feito constantes temporadas e começando a deixar apenas o circuito da noite carioca, Leny é uma cantora excelente. Seu novo lp ("Luz Neon", Estúdio Eldorado, 1989), produzido por Antônio Duncan, a traz num repertório basicamente conhecido, mostrando seu lado de brasilidade (mesmo no Exterior, Leny sempre prefere cantar em português) - mas que marca suas releituras de clássicos como "Wave" (Tom), "Adeus América" (Haroldo Barbosa/Geraldo Jacques), "A fonte secou" (Monsueto Menezes/Tufic/Lauar-Marcléo), "Pra machucar meu coração" (Ary Barroso) e "Recordar é viver" (Jesus Azevedo Marques). Mas ao lado destas músicas que todos conhecem, Leny mostra uma interpretação diversa da política e corajosa "É" (Gonzaguinha, uma das melhores canções de 1988), mostra toda a beleza de "Aquário" (Aldir Blanc/Moacir Luz), faz com que se ouça com atenção "Saigon" (Cláudio Cartier/Paulo Feital/Carlão) e, principalmente, traz uma canção da excelente Fátima Guedes ("Pelo cansaço"), que anda muito esquecida. Leny canta com garra e tesão e isto já vale com que se compre seu disco.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
12
19/03/1989

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