Login do usuário

Aramis

A liberadinha dos pés

As liberadinhas sexuais curitibanas começam nacionalmente, pôr as manguinhas de fora. Eis a carta que uma leitora que assina "MARIA B. R." de Curitiba, escreveu para o cartunista Henfil publicada na página 47 da revista "Frandim", número 19 (maio/junho, 49 páginas, Cr$ 8,00) *** "Henfil. Te escrevo porque parece que é uma das poucas criaturas a quem posso confiar a minha tara, que é igual à sua: sou tarada por pés, mas pés de homem. O problema é que me acho a criatura mais anormal do mundo: nenhuma das minhas amigas tem essa obsessão e os homens com quem tenho tido casos acham bastante estranho quando começo gulosamente a beijar seus maravilhosos pés. Já ouviu falar de alguma mulher como eu? Por favor, diga que não sou a única da terra assim! O que farei? Me assumo? Me reprimo? Procuro um psiquiatra? Quando passo por uma construção e vejo aqueles operários com sandálias havainas nos seus pés grossos e calejados tenho de me segurar para não ter um troço. *** A resposta de Henfil: "Anormal pra mim, Maria, são aqueles que ficam lambendo a orelha dos outros (quer troço mais feio que orelha?) falando assim: "ai, gostoso, gostozim, gostozão!". Questão de ângulo, né Maria? Se conheço alguma outra mulher assim? Olha, não me trate como técnico no assunto. Sou mais atleta. Mas já conheci nos meus 33 anos de vida umas 10 mulheres que confessaram ter nos pés dos homens o ponto central da atração sexual. E anote ai: fico constrangido de ver sua tara. Por quê? Porque acho normal é eu (EU) gostas dos teus pés. O inferno são os outros, Maria. Na esportiva, mas seriamente: você não é só de ter prazer com os pés, né? Negócio de pé é preparação, né? Ei! Vamos fazer uma permuta". Quanto mais risos melhor A reprise de "Quanto Mais Quente Melhor" (Cinema 1, a partir de hoje), é duplamente significativa: para os mais velhos a oportunidade de rever um clássico da comédia americana da década de 50, com Marilym Monroe (Norman Jean Mortenson, 1926-1962), numa de suas mais descontraídas interpretações, vivendo a incrível personagem "Sugar Kane" (Kumulchek). A geração mais nova, a oportunidade de conhecer agora, uma comédia do mestre Billy Wilter, em sua fase da maior criatividade. *** Inspirado num conto de R. Thoeren e M. Logan, Wilder desenvolveu em colaboração com o seu inesperável roteirista L. A .L. Diamond, um argumento dos mais bem humorados, com sequências antológicas e uma frase final definitivamente inscrita na história do humor (cinematográfico) americano. Quando o milionário Osgood Fielding II (Joe E. Brown, o "Boca Larga" dos anos 30) insiste em casar com Daphane/Jerry (Jack Lemmon) e ele afinal revela que é um homem, e, junto com Joe/Josephine (Tony Curtis), havia transvertido-se para fugir, do gangster Spats Columbo (George Raft), a resposta é simples: "Ninguém é perfeito". Ainda recentemente, num ensaio sobre "as grandes frases-fechos do cinema mundial", esta entrou como uma das 10 mais bem sacadas. *** Um destaque especial de "Some Like It Hot": a sua trilha sonora, criada por Adolph Deutsch e utilizando hits dos roaring twenties, além de Marilyn, com sua voz única, cantando a "Runnin Wild". Esta trilha, lançada no Brasil em 1960 pela Mocambo, tornou-se uma raridade tão grande que, há alguns meses, o pesquisador Walter Alves, dono de uma loja de discos em São Paulo, vendeu um exemplar por Cr$ 600,00. Como a UA Records é representada no Brasil pela Copacabana, bem que a gravadora paulista poderia promover a sua reedição.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
23/06/1977

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br