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As lições de Vieira, o Senhor Presidente

Após reunir-se com mais de 100 gerentes das regiões de Londrina e Cascavel, o Sr. José Eduardo Vieira, presidente do Bamerindus deu um tempo em sua apertada agenda de compromissos para, no sábado, 7, ficar em Foz do Iguaçu e assistir ao ballet "Lendas do Iguaçu", cuja produção só foi possível graças ao seu apoio. O espetáculo acabou adiado para domingo e apesar de interessado em assisti-lo, o comandante do terceiro maior banco privado do País não pode permanecer: no domingo, 8, já tinha agendada uma reunião com gerentes em Campo Grande, prosseguindo numa programação de duas semanas nos quais manterá contato direto com todos os homens que ocupam chefias nas 850 agências do Bamerindus em 22 Estados. Aos jornalistas, num encontro informal no hotel Bourbom, em Foz do Iguaçu, o Sr. José Eduardo Vieira revelou detalhes interessantes de seu trabalho do dia-a-dia, reforçando a imagem que o faz hoje um dos grandes empresários do Brasil com maior simpatia junto a imprensa nacional. No sábado, 7, por coincidência, "O Estado de São Paulo," havia publicado uma longa entrevista com ele, feita por José Neumane Pinto, editor de economia e que conseguiu transmitir em seu texto as idéias seguras e corajosas do Presidente do Bamerindus. Deixando a timidez que marcava-o há alguns anos, o Sr. José Eduardo Vieira tem tomado posições corajosas em defesa da livre iniciativa, criticando o intervencionismo do Estado - (não esconde sua admiração e respeito pelas idéias de seu amigo Henry Maksoud, presidente do grupo Hidroservice/Visão) - e com isto vem ganhando espaço respeitável nas mais sérias publicações, além de constantes convites para reuniões de pessoas influentes no panorama político-econômico. No dia 10 de dezembro, será o primeiro conferencista do seminário que a Associação dos Jornalistas de Economia de São Paulo promove no Centro Empresarial - um dos muitos compromissos que cumprirá ainda este ano. Para o jornalista Luiz Antônio Maciel, da Editora Abril - e que nesta semana estará acompanhando-o em sua viagem ao Norte/Nordeste do Brasil, para uma longa entrevista/perfil, o Sr. José Eduardo Vieira contou, em sua forma simpática e simples de se expressar, uma estória que dá bem a dimensão de como a família Vieira conseguiu fazer um dos maiores conglomerados financeiros do País. - Quando eu ainda era bem jovem, um dia falei ao meu pai, Avelino, que quando estivesse em função de comando no banco iria fazer uma revolução em termos de atuação. Esperava uma reação conservadora de meu pai e a surpresa foi grande quando ele me respondeu: "Uma revolução apenas não é suficiente. É necessário uma revolução administrativa de seis em seis meses". A imagem dá bem a dimensão do constante processo de agilização do Bamerindus, comandada hoje por ele ao lado de 95 diretores - 16 dos quais mantém contatos diretos quase diariamente. Aos 49 anos, toda uma vida dentro de organizações bancárias, desde que assumiu a presidência - no dramático momento da morte de seus irmãos Thomas Edison e Claudio Enock, num acidente de avião em julho de 1981 - José Eduardo redimensionou o Banco, consolidando-o como uma das maiores organizações do País, fazendo-o crescer apesar das sucessivas crises econômicas no Brasil. A condição de presidente de um grupo nacional, que o faz ser um dos homens mais ocupados do País, não retirou, entretanto, os hábitos de homem simples e a sabedoria transmitida por seu pai, o velho Avelino Vieira (1905-1974), que o fez saindo do anônimo Banco Agrícola Norte do Paraná, em 1928, em Tomazina, construir um império econômico que, especialmente a partir de 1951 expandiu-se de forma ágil, inteligente e segura. As lições que o Sr. Avelino aplicava aos seus gerentes, há 50 anos, são em grande parte ainda observadas pelos novos executivos - e entre as maiores preocupações de José Eduardo Vieira está, justamente, a de jamais perder o contato com os homens que, espalhados por todo o País, diretamente trabalham com a clientela. Assim é que é o único, talvez, presidente de um banco desta proporção que, trimestralmente, reserva de 7 a 14 dias, para manter reuniões regionais com gerentes, subgerentes e mesmo assistentes de gerências em todo o País. - É estafante, exige-se que faça opções entre outros compromissos, mas busco ouvir o meu pessoal, aqueles que diretamente trabalham com o público. O presidente do Bamerindus não esconde os lucros indiretos desta atenção pessoal. - Há muitos gerentes que recusam propostas financeiras que até triplicariam seus ganhos, de outras organizações, por sentirem a confiança neste trabalho direto. E os mais jovens, percebem a oportunidade de diálogo sempre aberto, dentro do Bamerindus. Nos primeiros encontros - reconhece José Eduardo - as reuniões trazem discussões com problemas de ordem interna, mesmo críticas e sugestões em termos administrativos. Solucionando-se cada vez mais estes problemas só possíveis de serem corrigidos numa organização financeira do porte do Bamerindus através de uma excelente política de recursos humanos e administração - hoje a participação gerencial, nos diversos escalões, se traduz inclusive em discussão de problemas mais amplos, relacionados a conjuntura nacional - numa demonstração de maturidade do corpo de mais de mil homens que ajudam a formulação econômica do Bamerindus - que, como conglomerado, emprega mais de 36.000 pessoas. Cada vez mais procurado pela imprensa nacional - e sempre recebendo jornalistas, em linguagem franca e cordial, externando seus pontos de vista (admite necessidade de contatos permanentes com a imprensa), o presidente José Eduardo Vieira evita, entretanto, envolver-se com a política pela política, sendo rara suas viagens à Brasília. - Fiz uma opção de trabalho e prefiro estar com meus homens, dentro de minha ação - não procurando autoridades, pressionando ou fazendo qualquer solicitação. Tanto é que, neste ano, o Presidente do Bamerindus só foi visto no Distrito Federal em três ocasiões, "sempre para solenidade oficiais, nas quais minha presença, como presidente do Bamerindus era indispensável". Fora disto, em seu gabinete na presidência do banco na rua Comendador Araújo, ou cruzando o Brasil, em seu jato executivo, José Eduardo está preocupado em estar com aquilo que chama de "minha equipe, os homens que comigo ajudam a fazer o Bamerindus crescer cada vez mais". LEGENDA FOTO: José Eduardo Vieira: contatos diretos com todos os gerentes do grupo Bamerindus
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
12/11/1987

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