Livro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de janeiro de 1973
Com o recente lançamento de O homem de macacão, a editora Sabia está apresentando o quarto romance de Oswaldo França Jr., vencedor do Prêmio Walmap de 1967 com Jorge o brasileiro. Estreando em 1965 com o viúvo. Oswaldo França Jr., foi recebido pela crítica como uma das melhores revelações da moderna ficção brasileira, confirmando esses louvores quando publicou. Um dia no Rio, também lançamento da Sabie em 1969. O homem de macacão, que agora começa a circular, se de um lado confirma tudo o que já se disse de bem a respeito do autor, por outro vem mostrá-lo em plena maturidade criadora, dominando com segurança não só os recursos de escritor, como ainda a técnica do romance moderno em suas possibilidades de renovação e originalidade. Sempre preocupado com o social, mas nunca se esquecendo da especialidade do ser humano em sua condição individualizada, Oswaldo França Jr. Oferece-nos agora, em seu último livro, uma estrutura narrativa que concilia perfeitamente o social e o individual, o homem em sua condição própria, personalizada, e o homem participante de um contexto que o define e ao mesmo tempo o condiciona. Em O homem de macacão a narrativa é feita na primeira pessoa, com o personagem dirigindo-se a um ouvinte sem nome, quase como se o narrador estivesse monologando. E esse mesmo narrador, aliás, praticamente se animiza, pois ele é, antes de tudo, "o homem de macacão" assim como se fosse o representante de seus iguais, um padrão embora palpitante de realismo de autenticidade, de calor humano. Romance do cotidiano, do dia a dia, onde quase não se descobre um fio central condutor, um tema claramente definido O homem de macacão, no entanto, produz no leitor uma estranha sensação de angústia indefinida imprecisa, que curiosamente se prolonga por todo o livro e ainda vai além dele quando se vira a última página da história.
FOTO LEGENDA- O Homem de Macacão
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