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Aramis

Liza roqueira, Diana ótima e novas (e excelentes) vozes

Liza Minelli, quem diria, acabou no rock. Pois é! Nada é imutável e para horror dos conservadores que jamais imaginariam a filhinha de Judy Garland e Vicent Minelli - ela um mito da música-cinema, ele o grande diretor ("Um Americano em Paris", "Gigi", "A Lenda dos Beijos Perdidos", etc.), caindo no rock. As regras do mercado, infelizmente, mudaram muito nestes últimos 21 anos (Judy morreu em 1969, portanto nunca teve que fazer concessões em seu repertório), mas Liza entendeu que deveria procurar outras faixas de público. Assim é que no ano passado, entusiasmada com o sucesso do Pet Shop Boys, convidou este grupo pop para dividir com Julian Mendelsohn a produção de "Results", que a CBS lançou no Brasil no início do ano. O talento de Liza é tamanho, sua segurança como intérprete, seu bom gosto, que sobrevive. E tem mais: agrada até os que não forem radicais e atinge o público jovem, que vai curtir ouvindo-a num repertório com músicas como "I Want Now", "There was Love", "So Sorry I Said", "Don't Drop Bombs", da dupla M. Tennant / C. Lowe, autores de sete das dez faixas. Em compensação, para os que preferem a Liza dos tempos de "Cabaret", há "Twist'in My Sobriety", de Fred Ebb / J. Kander (autores das músicas de "Cabaret") e o belo "Losing My Mind" (Stephen Sondheim). Para quem quiser conhecer melhor o Pet Shop Boys, que tanto agradou a Liza Minelli, ao ponto de ela buscar os rapazes para produzirem seu disco, a EMI/Odeon lançou um disco com os maiores sucessos da dobradinha Tennant / Lowe, como "In the Night", "Suburbia", "Opportunities", "Paninaro", "Love comes Quickly" e "Wes End Girls". Diana Ross, americana de Detroit, 46 anos, que começou em trio com Florence Ballard e Mary Wilson (The Supremes), e se tornaria uma superstar com direito inclusive a um Oscar por sua interpretação da dramática Billie Hollyday (1915-1959) em "O Ocaso de uma Estrela" (Lady Sings the Blues), tem, nestes últimos anos, alternado seu repertório. Da intérprete romântica, de tantos hits que freqüentaram paradas internacionais a temas mais eletrificados, esta bela morena tem sabido equilibrar uma carreira fascinante - bem mais regular do que de outra colored que apareceu na mesma época, Dionne Warwick, intérprete dos sucessos de Burt Bacharach / Hal David. Aos fãs de Diana, a EMI/Odeon trouxe em recente suplemento um delicioso álbum duplo - "Greatest Hits Live", com gravações ao vivo, realizadas em suas apresentações no Wembley Arena, em Londres, nas noites de 2 a 4 de junho do ano passado. Com uma banda afinadíssima - Goldblatt nos teclados e pistão, Walter Fowler nos teclados, Kevin Chokan na guitarra, Norbert Stachel no sax, Ron Power na bateria, Michael Warren no baixo, entre outros instrumentistas que merecem ter seus nomes anotados, Diana esbanja sua categoria em canções como "Upside Down", "What Can one Person Do", "Paradise", "Why Do Fools Fall in Love", entre outras - sem esquecer uma emotiva homenagem a Gershwin, com a releitura de "The Man I Love". Se Liza e Diana são nomes consagrados, que dispensam maiores apresentações, há também surpresas entre as estreantes. É o caso de Nona Hendrix ("Skindiver", Private Music/BMG), uma das revelações a serem anotadas para este ano. Compositora de todas as faixas, com letras bem desenvolvidas, Nona Hendrix - invariavelmente aparecerão os que perguntarão de algum parentesco com Jimmy Hendrix (1942-1970). A resposta é não. Mas entre os dois - além da mesma cor da pele - há um talento idêntico, embora em diferentes direções. Aliás, três guitarrista de fôlego - Michael Thompson, Rusty Anderson e John Pierce - apoiam os registros de miss Nona, que buscou também os teclados de Raymond Jones, embora também seja eficientíssima nos pianos e sintetizadores. Uma compositora-cantora notável, num álbum muito bem produzido, trazendo na capa uma bela criação da artista plástica Patt Heid e que merece ser ouvida com a máxima atenção. Outra new-face (ou voice) - aliás uma belíssima mulher - que também está chegando é a Belinda Carlise ("Runaway Horses", Virgin Records/EMI/Odeon), com um repertório de canções inéditas, inclusive da própria Belinda, como "Shades of Michelangelo", ao lado de criações da dupla Rick Nowelld (também produtor e arranjador do álbum) e Eillen Shipley, como "Leave a Light On", "Runaway Horses", "Vision of You" e "La Luna". Também como compositora e intérprete, Deborah Harry ("Def, Dumb & Blond", Chrysalis/EMI/Odeon) chega com um álbum repleto de novidades, apresentando especialmente o compositor Chris Stein ("Lovelight") mas trazendo suas composições como "He is So", "Brite Side", "Get Your Way" e incluindo até uma composição dos brasileiros Nana Vasconcelos / Mário Toledo ("Calmarie"), que, na percussão, teve a presença de outro brasileiro que deu certo nos EUA: Paulinho da Costa (sobre a carreira internacional de Nana, falamos em nossa coluna de domingo passado).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
24
20/05/1990

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