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Aramis

Love Story em campo verde

Possivelmente "Um Sonho Impossível" (Cine Condor, hoje, último dia em exibição) estará entre os filmes de menor renda do ano. A própria "Cinema International Corporation", proprietária tanto do filme como do cinema que a exibe, não acreditou nesta produção da MGM, realizada em 1975, tanto é que a escolheu para fechar o buraco de uma semana em que muda o sistema de lançamentos: ao invés do sábado, os cines Condor e Lido (também pertencente a multinacional (CIC) passam a estrear seus filmes na quinta-feira, como acontecia na década de 50, em todos os cinemas da cidade. Assim, estreado no sábado, "Um Sonho Impossível" praticamente foi um filme condenado em termos de público: pouca promoção e magros 5 dias de exibição. O que é lamentável sobre todos os aspectos, pois "Babe" - seu título original (acrescido de "The Babe Didrikson Zaharias Story") é um filme que, bem promovido, poderia permanecer 2 a 3 semanas em cartaz, interessando as mais diferentes faixas de espectadores. É um filme sobre atletismo e sua primeira parte - valioso como estímulo aos jovens, principalmente num País em que o governo aparentemente está disposto a formar campeões capazes de melhorar a presença do Brasil nos próximos jogos olímpicos. Depois, é um filme sobre golfe - esporte em que Babe Didrikson e Zaharias (1914-1956), foi campeã em 17 torneios em apenas 7 anos (81947-54), tendo ainda, junto com seu marido, George Zaharias, idealizado e fundado a Associação das Mulheres Golfistas Profissionais. Mas "Um Sonho Impossível" é também um filme sobre o amor - e como em "Love Story" - do amor ceifado pelo câncer. Assim, dos endinheirados associados do Country Clube nas meninas românticas, um imenso público poderia garantir a "Babe" uma excelente carreira comercial. Lamentavelmente, o filme sairá hoje de cartaz tendo sido visto por pouquíssimos espectadores. Filmes sobre jogadores de golfe são raros - e nos lembramos, de momento, apenas do fraco "Um Homem em Leilão", estrelado por Robert Wagner. Mas "Babe", além de não ser apenas um filme sobre golfe, é uma obra realizada com a máxima honestidade, inspirada em fatos reais, pois "a vida de certas pessoas parecem filmes", como o narrador comenta na primeira (seqüência(. O roteiro de Joanna Lee, calcado numa autobiografia que Babe Didrikson Zaharias ditou para um jornalista, pouco antes de morrer, é linear - com flash-backs para o período anterior a 1953 (quando enfrentou uma delicada operação, o devido ao câncer que a mataria 3 anos depois) - mais o diretor Buzz Kulick obteve um resultado narrativo de excepcional qualidade. No momento em que parece estar nascendo de excepcional qualidade. No momento em que parece estar nascendo uma nova tendência, ao (menos( no cinema americano em termos de público nos EUA - os filmes sobre esportes - "Um Sonho Impossível" se destaca como obra séria, honesta e até emocionante. Se a biografia de uma campeão de esqui, que teve sua brilhante carreira interrompida por um acidente, contada por Larry Peerce em "Uma Janela Para O Céu" (A Window For The Sky, 75) emocionou profundamente o público, não menos tocante é a estória de Babe Didrikson Zaharias, que, nos Jogos Olímpicos, em 1932, em Los Angeles, conquistou duas medalhas de ouro e uma de prata - e que a partir de 1935 se tornaria o mais lendário nome do golfe feminino. Susan Clarck, como Babe, tem uma interpretação tão marcante que mereceu o "Emmy", Alex Karras, como seu marido, George também está marcante e numa ponta, o veterano Slim Pickens, que durante quase 30 anos foi visto apenas nos "westerns" classe "b". Ótima trilha sonora de Gerry Goldsmith - que merecia sair em lp. Um filme emocionante, desperdiçado em termos de lançamento, e que merece ser visto. Se tiver tempo, aproveite que ainda hoje será projetado em 5 sessões.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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10/08/1977

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