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Aramis

Lucio, a jovem voz de hoje

O timbre de voz não mudou em mais de 30 anos de atividades artísticas. Continua a ser o vocalista sereno e romântico que, com os Namorados da Lua, no início dos anos 40, modificava o estilo de interpretação, numa época em que ser cantor de MPB correspondia a quase sinônimo de baixo operístico. Suave, intimista, Lucio Alves foi o precursos do movimentos que viria acontecer 20 anos depois a Bossa Nova - e que o teria como um de seus mais atuantes soldados. O aafastamento voluntário por quase uma década dos shows em boates, teatros e rádios - dedicando-se apenas a televisão não impediram que continuasse a ser o cantor de forte presença, bem humorado e comunicativo, como o vamos agora, neste seu revigorante reaparecimento (teatro do Paiol, 21 horas, hoje última apresentação). No ano passado, fonograficamente, Lúcio reapareceu com um bonito elepe na RCA Victor, produzido por seu amigo Aloysio de Oliveira, o que estimulou a Odeon a aceitar nossa sugestão e reeditar o disco que Lucio havia feito em 1959, exclusivamente com músicas de Dolores Duran (1930-1959). Este ano, após alguns shows em boites do Rio e São Paulo, Lúcio começou a aceitar convites para apresentações em outras capitais, mas num roteiro tranquilo, sem interferir em suas atuaçòes profissionais de produtor da TV-Educativa, no Rio. xxx Com um roteiro simples, intercalando músicas que criou nos anos 30, com composições inéditas e canções recentes, principalmente as de seu elepe na RCA Victor, Lucio oferece no palco, um gostoso espetáculo de duas horas de melhor MPB; sem ranço , sem apelar para a nostalgia. Como dizia,com felicidade, há uam semana o médico José Luiz da Silveira, Baldy, presidente do Clube do Choro de Londrina, "Não existe nostalgia ou saudade: o que há são boas músicas que por acaso foram compostas há algum tempo ". E Lúcio - como Dick Farney, Johnny Alf, Tito Madi e outros compositores intérpretes de sua geração, sempre soube escolher o melhor para gravar, motivo pelo que faz com que sua fonograifa, que inclue mais de cem 78 rpm e 15 elepes, seja tão admirável. Lúcio Alves, que nos últimos anos tem produzido programas didáticos e documentais sobre o MPB, em seu show, procura revelar algumas composições inéditas de ( 1918-1955) e Wilson Baptista (1913-1968), ambos saídos das camadas mais humildes da população carioca e que deixaram jóias filosóficas-musicais. As duas músicas que Alves apresenta não criações que permanecem inéditas, não tendo sequer títulos e só a oportunidade de ouvi-las já justifica a ida ao Paiol , para aplaudir Lúcio e ao pianista Anselmo Mazzoni, que o acompanha. Anselmo é também compositor, já com várias músicas gravas, e cantarola razoavelmente alguns de seus temas ( "Vai Lá", "Nenem", "Sinto Muito") , além de fazer dueto com Lucio, no clássico "Teresa da Praia" (Antonio Carlos Jobim-Billy Blanco), que há 28 anos, gravado por Lucio e Dick Farney, mostrava ao público que, embora em estilos próximos, nunca houve rivalidade artística entre ambos. Compositor de mão-cheia- basta lembra "De Conversa em Conversa"(1943, parceria com Haroldo Barbosa), Lucio poderia fazer um show exclusivamente com suas músicas. Xxx Poderia repetir o chavão de que o tempo só tem feito tornar mais agradável a sua voz e as suas canções. Mas aos 49 anos (erroneamente, vem se atribuindo mais 2 anos "o que, depois do $0, torna-se sério) diz o cantor, Lúcio tem a mesma juventude e vigor dos anos 40/50. E, mais do que nunca é importante e ouvi-lo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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09/05/1976

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