As lutas operárias num livro oportuno
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de maio de 1986
Duas professoras da Universidade Federal do Paraná realizaram aquilo que há muito era necessário: um estudo sobre as lutas operárias no Paraná. Ao longo de dois anos de pesquisas em arquivos de jornais, entrevistas e outras fontes levantaram um precioso material para uma obra que, muito oportunamente, está sendo lançada agora: "1º de Maio - Cem Anos de Solidariedade e Luta" (Editora Beija Flor, 105 páginas). A sessão de autógrafos será ao entardecer do próximo dia 7, no auditório da Reitoria, mas no Dia do Trabalho já foi comemorada também a edição do livro das professoras Alcina de Lara Cardoso e Silvia Pereira de Araújo.
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A obra não é (nem pretende) um levantamento pormenorizado de toda a evolução social-trabalhista em nosso Estado. Mas, dentro do possível, recorrendo às poucas fontes existentes, as professoras Alcina e Silvia conseguiram fazer um estudo cronológico dos movimentos proletários em nosso Estado, as comemorações de 1º de Maio nestes 100 anos em que a data é, significativamente, o ponto mais importante das lutas trabalhistas. Com boa documentação fotográfica - e intercalando as informações, em texto leve, com citações poéticas, as autoras resgatam, ao final, informações sobre personalidades ligadas ao movimento operário, seja como líderes sindicais ou através da imprensa - especialmente Elbe Lauro Pospissil (1893-1943), Nerval Araújo Silva (? - 1932), Oscar de Oliveira (?) e Francisco Zicarelli Filho (1906-1981).
Obviamente, que há dezenas - talvez centenas - de outros nomes ligados ao movimento operário no Paraná e que, ao longo de um século, deram sua contribuição à formação de cooperativas, associações, sindicatos, fundando jornais, participando de assembléias. O livro das professoras Alcina de Lara Cardoso e Silvia Pereira de Araújo é apenas um primeiro facho de luz num setor carente de estudos e pesquisas. Pena, aliás, que o ex-líder sindical Otto Bracarense Costa, que agora deixará a Secretaria do Planejamento, não tenha se sensibilizado para, durante estes três anos em que deteve as rédeas do poder no Paraná, ter impulsionado - com os amplos recursos do Estado - estudos sobre as lutas operárias e estudantis entre nós.
Afinal, seria natural que o governador José Richa, que começou sua carreira política nas lutas estudantis, dentro da Casa do Estudante Universitário e, posteriormente, na presidência da União Paranaense dos Estudantes, tivesse apoiado um resgate da memória das batalhas estudantis - e suas relações com o movimento operário. Infelizmente, nada foi feito e se alguém quiser saber como se desenvolveu o movimento estudantil no Paraná, encontrará as mesmas dificuldades de informações com que se depararam as professoras Alcina e Silvia, para a elaboração deste útil, atual e corajoso "1º de Maio - Cem Anos de Solidariedade e Luta".
LEGENDA FOTO - Alcina e Silvia: lutas operárias.
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