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Aramis

E, mais uma vez, Allen é o melhor

E mais uma vez deu Woody Allen na cabeça. O cineasta mais surpreendente do cinema americano a partir dos anos 70, tal como um Fellini ou um Bergman - diretores, aliás por quem nutre declaradas paixões - consegue ser universal e contemporâneo girando seus sentimentos visuais em torno de seu mundo (mas que é o de todo o mundo). Depois de "A Rosa Púrpura do Cairo", o mais belo hino de amor ao cinema, Allen realizou nova obra-prima - "Hannah e Suas Irmãs" que, com 185 pontos e citada em 25 das listas dos 10 melhores filmes, ficou com uma diferença de nada menos que 77 pontos sobre a segunda classificada - o político e importante "A História Oficial", do argentino Luiz Puenzo - Oscar de melhor filme estrangeiro em 1986. "Hannah e Suas Irmãs" já é candidato em várias nominations ao Oscar-87, enquanto o novo filme de Allen, elétrico e sempre produzindo novas obras está em fase de pré-lançamento nos Estados Unidos. xxx Se "Tangos - O Exílio de Gardel", o belíssimo filme de Fernando Solanas, ainda não chegou a Curitiba, "A História Oficial" mostrou a força do novo cinema argentino, hoje dos mais respeitados internacionalmente. Babenco, argentino de nascimento, brasileiro por opção e agora americano em termos profissionais, com seu "O Beijo da Mulher Aranha" deu a William Hurt o Oscar de melhor ator. O mestre Akira Kurosawa prova que, aos 80 anos, está em forma, com "Ran" e os irmãos Taviani emocionaram com sua releitura de textos de Pirandello em "Kaos". O cinema iugoslavo mostrou sua força com "Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios", de Emir Kusturica, que já havia levado a Palma de Ouro, em Cannes em 1985. O cinema americano não poderia faltar com obras marcantes de diretores como Steven Spielberg - "A Cor Púrpura" (injustamente preterido na premiação dos Oscar, mesmo com 11 indicações), numa obra consagrada em termos críticos e também pelo público. Francis Coppola, com uma superprodução dos roaring twenties - "Cotton Club" e Paul Schreider, com sua inteligentíssima adaptação biográfica da vida do romancista japonês "Mishima", foram outros momentos iluminados neste ano cinematográfico - em que, felizmente, não faltaram bons filmes. Tanto é que, no final, a lista ficou com 11 títulos e pelo menos uma dezena de outros poderiam ser acrescentados: "Depois do Ensaio" (Bergman), "O Ano do Dragão" (Michael Cimino), "Lola" (Fassbinder), "A Honra do Poderoso Prizzi" (John Huston), "O Homem da Capa Preta" (Sérgio Rezende) e Godard ("Prenom: Carmen"). xxx Finalmente: mais uma vez, cinema brasileiro, com três destaques no ranking principal: "Eu Sei Que Vou Te Amar" (Jabor), "O Beijo da Mulher Aranha" (Babenco) e "A Hora da Estrela" (Suzana Amaral). Três belíssimos momentos da criação cinematográfica que consolidam a força de nossos cineastas. Para 1987, a julgar pelo que já vimos nos festivais de cinema dos últimos meses, entre filmes ainda não lançados comercialmente, mais uma vez, as obras de brasileiros estarão, em pé de igualdade, entre os melhores do ano. LEGENDA FOTO 1 - Woody: "Hannah e Suas Irmãs", o melhor filme exibido em 1986. LEGENDA FOTO 2 - Whoopi Goldberg em "A Cor Púrpura", de Steven Spielberg: injustiçado na festa dos Oscars, reconhecido pelo público e crítica como um dos melhores do ano. LEGENDA FOTO 3 - Marcélia Cartaxo, melhor atriz no Festival de Berlim-86, em "A Hora da Estrela".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
4
04/01/1987

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