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Aramis

Maravilhoso CDA, em prosa e verso

Feliz de um país que tem um poeta como Carlos Drummond de Andrade. Aos 83 anos, três livros recém-publicados, o maior nome das letras continua em sua lucidez e ternura - hoje menos avesso às entrevistas como no passado. Um novo livro infantil - novamente em parceria com seu amigo Ziraldo - e dois de crônicas, que se somam ao "Amar se Aprende Amando", lançado já há algum tempo. As crônicas de Drummond - durante tantos anos o encanto do "Caderno B" do "Jornal do Brasil" (e de outros jornais que o publicavam) tem fornecido material para livros magníficos, como "Caminhos de João Brandão" (Record, 145 páginas), ou ao recém-publicado "O Observador no Escritório" (Record, 199 páginas). João Brandão é o personagem alter-ego do próprio Drummond, do quotidiano de suas crônicas. Este "Caminhos de João Brandão" é uma reedição do volume que saiu, pela primeira vez em 1970, com as crônicas sobre este homem comum, sem rosto definido, nem profissão, nem nada que o identifique pessoalmente. Mas que em cada passagem, em cada momento traduz, na linguagem magnífica de Drummond, toda sua simplicidade e beleza. Já em "O Observador no Escritório" temos crônicas mais recentes, onde CDA nos fala de figuras históricas como Luís Carlos Prestes, entrevistado por Drummond no presídio da Rua Frei Caneca e em Manuel Bandeira, amigo do poeta da particular devoção do autor. xxx Desconhecida ainda no Brasil, Maria Luiza Bombal (1910-1980) é, porém, há muito, tida como um dos grandes nomes da literatura latino-americana. Exatamente há 51 anos, quando publicou seu primeiro livro, "A Última Névoa", ela era saudada com entusiasmo. Em 1935, em Santiago do Chile, foi testemunha do encontro de Lorca e Neruda, e conheceu o pintor Jorge Larco, cenógrafo que se tornaria seu primeiro marido. Em 1938, publicou seu romance "La Amortajada". Agora, temos "A Última Névoa" em português (tradução de Neide Gonzales, 136 páginas, Cr$ 36.5000, Difel). As mulheres são as grandes protagonistas de seus contos. Uma autora que deve ser imediatamente conhecida. E reconhecida em sua importância. xxx Depois de ficar famoso pela série "Emmanuele", o holandês Just Jaecker levou à tela um clássico da literatura erótica francesa: "História de O", de Pauline Réage (só em língua inglesa foram vendidos mais de três milhões de exemplares). Agora, na coleção Circo de Letras, da Brasiliense, chega ao Brasil, a tradução de Maria de Lourdes Porto deste romance que realiza uma clássica fantasia feminina: uma mulher se abandona à dominação violenta de um senhor e, através do martírio, da escravidão, chega ao êxtase e a uma felicidade racionalmente inexplicáveis, 184 páginas. Cr$ 31.200. xxx Um clássico do terror em tradução no Brasil: "O Castelo Mal-Assombrado" de E.T.W. Hoffmann (1776-1822), lançado pela Global. Ary Quintella, crítico e tradutor, salienta que Hoffmann foi um autor que exerceu influência em vários clássicos e músicos: Baudelaire, Maupassant, Poe, Dostoievski, Schumann, Ofenbach e até nos brasileiros Álvares de Azevedo e Fagundes Varela. Nos contos reunidos neste volume, destacam-se suas principais qualidades: a audácia, o senso de humor, o grotesco, o fantástico, bem como sua inacreditável intuição de precursor. Ernst Theodoro Willhelm Hoffmann foi advogado, magistrado, diretor de teatro, regente, compositor, crítico musical: reabilitou a obra de Bach em artigos na "Gazeta Musical" de Leipzig e, como desenhista, fez nome ao caricaturar Napoleão. Um autor que merece ser (re)lido.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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19
12/01/1986

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