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Aramis

Marina & Angela

Duas cantoras, duas intérpretes ecetualmente também compositoras. Com linhas e barras muito próprias, aproximadas por uma garra de dizerem suas verdades,à sua maneira: Maina lima e Angela Ro-Ro. Por coincidência, ambas saindo com novos discos, pela mesma gravadora - Polugram. Marina Lima, infância e adolescência pasada nos Estados Unidos, contratado há 5 anos pela antiga Warner, antes mesmo de ter material suficiente para gravar em elepê. Resistiu a idéia de transformação num simbolo sexual, quando, aparentemente tinha tudo para isto: um belo fisico, idéias independentes e personalissimas e uma grande carga emotiva. Fazendo músicas com o irmão Cicero, resistindo ao modismo de consumo, passou pela Ariola e chega agora a Polugram, com "Fullgás", um disco denso, moderno, que sem desprezar o rock-80 traduz uma carga de emoção. Tanto é que gravou rocks de Lobão ("Me Chama"e "Nosso Estilo"), Lulu Santos / Nelson Motta ( Mais uma vez ), não despreza até versões ( "Pé na Tábua/Ordinary Pain" de Stevie Wonder; "Veleno" de Polaoci) e um romantico momento de Roberto -Erasmo Carlos: "Mesmo Que seja Eu". Uma faixa declamada, um tanto chata ( e em nosso entender dispensável )-"Cicero e Marina", compensada pelo vigor da faixa título do elepee mais "Para sempre e mais um dia ", da dupla de irmãos. Com o estigma de semelhança fisica da eterna Maysa - e de sua angustia de viver dos anos 50, angela Ro-Ro, carioca, vivência na "swinging London" dos anos 70, está novamente na praça : " A vida é mesmo...", um titulo que pode dar muitas interpretações. Na foto da capa, uma imagem meio terna, enquanto na contracapa a lente de Frederico Mendes captou a imagem sapeca desta cantora- mulher, permanentemente envolvida em escandalos, bebedeiras, noticias de primeiras página. Angela parece levar aos extremos o direito de viver cada momento como nunca mais. Se isto a tem prejudicado - fisica, moralmente, espiritualmente e, naturalmente artisticamente - lhe confere um ar de drama, como se fosse daquela geração de poetas/ artistas malditos, deliberadamente a procura da morte. Uma artista em busca de um significado, tentando amar ( e se amada ), e não encontrando uma correpondencia necessária que a faz se voltar violentamente contra si, num processo auto destrutivo. Ironicamente, ao invés de colocar lagrimas e lamurias em sua música, Angela, com sua voz rouca, dramática, busca o humor e a ironia, gravando músicas de nova estrela as sacanagem da MPB - Leo Jaime ( "Sucesso Sexual",ou a versão "Hot Dog", que o mesmo Leo fez para " Hound Dog",de Leiber / Steller ), buscando momentos de romantismos da dupla Antonio Carlos - Jocafi ( por onde - "Opus 2" Sueli Costa - Tite de Lemos ( " nenhum Lugar "), ou, numa indireta homenagem aos 70 anos de Dorival Caymmi ( 30/04/1914), relembrando um de seus mais belos sambas urbanos: " Vocé não sabe amar" ( Carlos Guinle / Hugo Lima ). Aprópria Angela, que é pianista har,omiosa, é autora de "Vida é mesmo assim", " Fogueira" , "Librear", "Gata","Moleque, Ninfa" e Isso é para Dor", além de dividir com Antônio Adolfo ( o paciente arranjador e produtor dos seus dois últimos Lps) o belissimo "Hino", valorizando com um hermonioso grupo coral. " Fullgás"com Marina e Vida é mesmo..."com Angela Ro-Ro, aparentemente nada tem em comum. Aparentemente ... No fundo, são clicks sonoros das angustias, perplexidades e sensibilidades de suas mulheres dos anos 80, que por carinhos ( e perpectivas ) diferentes, buscam lançar suas pontes na distância que as separam do mundo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
06/05/1984

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