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Aramis

Mário, o violão com som social

No ano retrasado, Francisco Mário mereceu todas as premiações com seu maravilhoso "Conversa de Cordas, Couros, Palhetas e Metais". Passaram-se quase dois anos para Francisco fazer um novo disco: "Pijama de Seda", a exemplo de seus três outros lps ("Terra", 1979; "Revolta dos Palhaços", 81), também uma produção independente, através de sua etiqueta Libertas (pedidos para Rua Araucária, 90/202, Rio de Janeiro - CEP - 22461). Não é preciso falar muito de Francisco Mário. Desde seu primeiro lp, mostra não apenas inovação em suas composições, um acabamento perfeito - seja nos temas em solo, seja, como aconteceu e "Revolta dos Palhaços", onde trazia parcerias com Fernando Brandt, Aldir Blanc, Guarnieri, Paulo Emílio e outros. Mineiro, irmão caçula do humorista Henfil, administrador de empresas e técnico em informática, Francisco Mário desprezou imensos salários em multinacionais para se dedicar a música. Fez mais: é um dos diretores da Associação dos Produtores de Discos e Fitas Independentes do Rio de Janeiro, batalha em todos os movimentos da classe, faz recitais e estimula outros compositores, e instrumentistas para também partirem para seus próprios discos. Inspirado na bela fotografia que Walter Firmo fez de Pixinguinha numa cadeira de balanço - e que em 1977 foi escolhida por Herminio Bello de Carvalho para o cartaz no lançamento do Projeto Pixinguinha, Francisco compôs um terno choro que dá título a este lp: "Pijama de Seda". Tocando violão e viola (em algumas músicas usa flauta de pã, e toca oito violões diferentes), Francisco Mário fez um álbum absolutamente pessoal, profundo e que, dificilmente deixará de estar entre os dez melhores do ano. As músicas refletem temas sociais como "Terra Queima" - da trilha criada para o documentário sobre a seca do Nordeste; realizado por Geraldo Sarno e premiado na Jornada de Salvador; o dobrado "Souza", a "Violada" sertaneja; os chorinhos "Coceirinha" e "Saudade de Mim", uma modinha mineira. "IIIª Guerra", "Venceremos" e "Las Locas" (um tango para as mães dos desaparecidos políticos na Argentina), mostram que a música instrumental pode ser também social. Um disco maravilhoso em termos de Brasil-85. Indispensável.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Claudio
Música
6
10/11/1985

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