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Marisa na Justiça contra as acusações de Machado

Quando o deputado Tadeu Lucio Machado aceitou a infeliz incumbência de ler um discurso preparado pelos assessores da Secretaria da Cultura e Esportes, na sessão de 10 de abril último, não imaginou que estaria se incompatibilizando com toda classe artística do Paraná e ganhando processos judiciais. Afinal, mesmo com impunidades parlamentares, o deputado Tadeu Lucio Machado não escapará de ser chamado a juízo já que assumiu a responsabilidade por um discurso em que acusa pessoas dignas de terem sido demitidas da Secretaria da Cultura, na administração José Richa, por corrupção, incompetência e deslealdade. O primeiro protesto contra a leviandade do parlamentar peemedebista partiu do próprio Sindicato dos Artistas e Técnicos Profissionais em Espetáculos no Paraná, que além de ter enviado corajoso documento de repúdio, o convocou para comparecer a uma assembéia da classe. Acovardado e sem argumentos, o deputado nem sequer explicou ao presidente do Sindicato, o ator Lucio Weber (Gabiroba), a razão porque não apareceu na assembléia. Duas outras profissionais atingidas em sua dignidade - a advogada Yara Sarmento, ex-diretora de arte e programação da Fundação Teatro Guaíra e a professora Elisa Gonçalves, ex-assessora do gabinete do Secretário, também enviaram respostas a altura aos ataques sofridos por parte do deputado, exigindo suas explicações e pedindo provas reais com relação aquilo que, irresponsavelmente, assacou contra elas. Como era de se esperar, nem por uma simples questão de cavalheirismo, Lucio Machado procurou responder as vítimas de seu ataque público. xxx Já a artista plástica e professora Marisa Bertoli, ex-diretora do Museu de Arte Contemporânea no início da administração José Richa, foi mais objetiva. No último dia 26 de julho, através do advogado Cláudio Melo Colaço, deu entrada numa das varas criminais da Capital, de notificação criminal contra o deputado Tadeu Lucio Machado. Atingida em sua honra e dignidade, Marisa Bertoli exige, judicialmente, que o deputado Lúcio Machado dê explicações satisfatórias a respeito das acusações feitas no dia 10 de abril, no plenário da Assembléia - e publicadas nos jornais no dia seguinte - quando o deputado Machado, lendo o discurso preparado por assessores do então secretário da Cultura, procurava tapar o sol-com-a-peneira em relação as enérgicas críticas formuladas pela revoltada classe artística, durante assembléia-geral realizada na época. O deputado Oswaldo Alencar Furtado, então do PMDB, havia sido porta-voz dos reclamos da classe artística, sendo também atacado pelo seu colega. No pronunciamento, o deputado Lucio Machado procurava caracterizar como incompetentes de até corruptas as pessoas que, por divergirem dos desmandos praticados na Secretaria da Cultura, afastaram-se dos cargos que ocuparam por alguns meses. E, especialmente, três mulheres que tiveram a coragem de denunciar os escândalos culturais ocorridos naquela pasta foram as mais atingidas: Yara Sarmento, Elisa Gonçalves e Marisa Bertoli. xxx Agora, com ampla documentação e através dos meios legais, Marisa Bertoli através do advogado Cláudio Melo Colaço, recorre a justiça contra o deputado Machado. Anteriormente, Yara Sarmento - cruelmente atacada pelo ex-Secretário da Cultura e Esportes - também recorreu a justiça num processo que corre nos tramites legais e que ainda não chegou ao seu final. Felizmente, este tempo em que ao invés de cultura se produziu ataques pessoais nos meios artísticos, com consequentes processos - aliás, uma das marcas do infeliz governo José Richa (também um contumaz acusador na justiça, de quem dele ousa discordar), parece que agora tende a acabar com a presença na Secretaria da Cultura de uma professora lúcida, equilibrada, e principalmente, educada - Suzana Maria Munhoz da Rocha Guimarães. Na semana passada, a secretária Suzana fez as primeiras nomeações de assessores de confiança para cargos-chave. Independente das escolhas feitas, é sempre um passo para a dedetização da pasta e a tentativa de, nos próximos meses, tentar realizar algo em favor da cultura - que desde março de 1983 havia sido substituída por ódio, violência e perseguições. Como dissemos há alguns dias, quando da escolha de Suzana Guimarães para a pasta, a espererança de quem produz e divulga cultura no Paraná, é de que o Sol volte a brilhar. E que a desgraça que José Richa trouxe em seu governo nunca mais retorne.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
06/08/1986

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