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Aramis

... mas pelo resto do mundo, eles continuam acontecendo

Internacionalmente, entre os chamados "heavyweights" (pesos-pesados) eventos cinematográficos, a abertura é dada pelo Festival de Berlim, realizado entre 9 a 20 de fevereiro. Com uma sólida estrutura, a exemplo dos grandes festivais do mundo, não sofre problemas orçamentários - ao contrário, é um dos mais ricos e bem organizados, conforme Marcelo Marchioro, diretor teatral e estudioso de cinema, pode confirmar este ano, acompanhando-o nas três semanas em que acontece (no ano passado, Celina Alvetti, que também estava em Berlim como bolsista do Goethe Institut, já o havia coberto). Numa das próximas edições do "Almanaque", Marchioro vai contar os bastidores do Festival. O maior, mais famoso e promovido festival de cinema do mundo, o de Cannes, criado em 1946, começa dia 10 de maio e se estenderá até o dia 21, com mais de mil filmes sendo projetados em centenas de espaços diferentes, afora a competição com o que há de mais importante - este ano, possivelmente, terá na abertura, hors concours, o recém concluído "Dreams", que marca o retorno do mestre Akira Kurosawa, 80 anos, a direção. No mundo socialista, o festival de Kalovy Vary, na Checoslováquia, realizado desde 1963, será promovido entre 7 a 19 de julho, alternando-se com o de Moscou (criado em 1974), cuja próxima edição será em 1991. Na Itália, o festival de Locarno é tão antigo quanto o de Cannes; este ano, entre 2 a 12 de agosto, terá sua 44ª edição. Já na Espanha, na turística San Sebastian, desde 1953, acontece o festival de San Sebastian - programado para 13 a 22 de setembro. Um dos poucos curitibanos que conheceu este festival foi o hoje prefeito Jaime Lerner, que há 14 anos, encontrando-se na Europa, e como bom cinéfilo, esteve no evento. O mais antigo festival de cinema do mundo, o de Veneza, terá sua 54ª edição entre 3 a 15 de setembro. Só interrompido durante a II Guerra Mundial, este festival organizado pela Bienal Di Veneza, hoje dirigida por Guglielmo Biraghi, está entre os quatro eventos competitivos mais respeitados. Entre os "heavyweights festivals", aparece também o de Montreal, que vem sendo realizado há 13 anos e tem como diretor Serge Lostique. A edição deste ano será entre 23 de agosto a 3 de setembro. Na categoria que o "Variety" - a bíblia do show bussiness (editada desde 1907) chama de "Big City Festivals", estão 26 festivais igualmente importantes. O de Barcelona, já em sua 33ª edição, acontecerá entre 4 a 12 de julho. O de Chicago, criado em 1964, está programado entre 18 a 25 de outubro - sendo dos eventos que não tem filiação à Federação Internacional de Produtores de Filmes, o organismo que coordena os festivais competitivos com normas rígidas. Já o London Film Festival, que o National Film Theater promove em novembro, não tem caráter competitivo, entrando na categoria "festival of festivals" - ou seja, mostrando obras já levadas a outras mostras competitivas. Também sem premiações, estão os festivais de Los Angeles - que o American Film Institut promove em abril há 19 anos. Na Austrália, o festival de Melbourne, destinado a novas cinematografias, não atribui premiações e sua 38ª edição está marcada entre 8 a 23 de junho. O outro festival australiano, de Sidney, previsto para o mesmo período (o que deve refletir uma disputa interna), acontece desde 1954 e também não dá prêmios. O Toronto, desde 1976, é outro "festival dos festivais", com amostragens de obras levadas a outros eventos e tem uma executiva das mais respeitadas, Hela Stephenson, que marcou a próxima edição entre 6 a 15 de setembro. Respeitadíssimo pela sua importância cultural, o New York Film Festival, criado em 1963 e dirigido por Richard Pena, sem premiações, se estenderá entre setembro/outubro, em vários cinemas da Big Aple. Em termos competitivos, o riquíssimo Torki International Film Festival, criado em 1985, oferece premiações e a próxima edição acontecerá entre 29 de setembro a 8 de outubro. Até agora, os seus promotores não se interessaram em divulgá-lo mais intensamente junto a imprensa brasileira. Entre os festivais não competitivos, estão ainda os de Edimburgo, desde 1947 (agosto); o de Munique, desde 1983 (23 de junho a 1º de julho); o Paris Film Festival, desde 1972 (30 de março a 8 de abril); o Wellington Film Festival, na Nova Zelândia, desde 1971 (6 a 21 de julho); o Midnight Sun Festival, em Sokenkyla, na Finlândia, criado em 1986 (junho); o Hong Kong International Film Festival, criado há 12 anos (6 a 21 de abril). Já oferecendo prêmios - e por isto encontrando uma maior divulgação internacional (a disputa sempre é um fator de interesse junto ao público), há os festivais de Viena - o Viennale, desde 1959 (março); o de Madrid, desde 1980 (30 de março a 7 de abril); o de Porto, em Portugal - o Fantasporto - voltado apenas a filmes fantásticos, criado há 10 anos; o de Istambul, criado em 1982 (31 de março a 15 de abril); o de Calcutá, que é o primeiro a acontecer anualmente (10 a 20 de janeiro), mas cujos resultados raramente chegam a imprensa brasileira; assim como o de Ouagadougou, em Burkina Faso - que no ano passado deu uma premiação ao documentário "Ori", de Raquel Gerber (agora a disposição em vídeo). O festival de Havana, que se estende por todo o mês de outubro, vem crescendo desde sua criação em 1978 e ganhando cada vez maior cobertura da imprensa latino-americana - para cujas cinematografias volta-se prioritariamente. Na América do Sul, afora o FestRio, só há outro grande festival competitivo - o de Cartagena, criado em 1961 e que tradicionalmente acontece em junho. Mais 17 outros festivais - alguns especializados - também acontecem ao longo do ano em várias partes do mundo, paralelamente a mostras abertas (market film) e eventos especiais, tema para uma próxima abordagem informativa.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
15/04/1990

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