À meia-noite, uma revisão indispensável
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de junho de 1980
Hoje, à meia noite, no Astor, oportunidade de (re)ver um dos melhores filmes dos anos 70: << Madame Rosa - A Vida A Sua Frente >> (Madame Rosa/La Vie Devant Soi), premiado em 78 com o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Ao lado da notável atuação de Simone Signoret - talvez no melhor papel de toda sua carreira - este filme de tanta emoção, tem um detalhe que deve ser destacado: em homenagem a amizade de longos anos com Simone e como um gesto de admiração pelo romance << La Vie Devant Soi >>, de Emile Ajar, o diretor grego Costa-Gavras (<< Z >>, Estado de Sitio >>, << A Confissão >>, etc) fez sua estréia na tela, como intérprete do personagem << Ramon >>, o médico que se interessa pelo bem estar de Momo (Samy Bem Youb), um menino árabe que é o mais velho dentre vários filhos de prostitutas que Madame Rosa abriga. Aliás, a presença de Costa Gavras em << Madame Rosa >> não tem nada de exibicionismo. Na verdade, foi ela a primeira pessoa a recomendar a Simone Signoret a leitura do romance, tão entusiasmado ficou com o humanismo da obra e, sobretudo, com o papel de Madame Rosa, que se ajustava como uma luva a personalidade artística de Simone.
A ação de << La Vie Devant Soi >> (o autor do romance, Emile Ajarm, recebeu já o Gongcourt, maior prêmio literário da França) - passa-se num dos trechos mais pitorescos de Paris, o bairro de Belleville, ao nordeste da cidade. Ali vivem árabes, provenientes da Argélia e Tunísia, judeus e negros. O universo onde se passa ação deste filme belo é de (re)visão indispensável.
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