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Aramis

Memórias da Oposição (I)

Por uma feliz coincidência, o lançamento de "Por Dentro do MDB" de Sylvio Sebastiani (edição do autor, 144 páginas, Cr$ 25.000,00), com noite de autógrafos na última sexta-feira, 10, na Biblioteca Pública do Paraná, coincidiu, com uma excelente notícia para todos os homens que, nos tempos da dura de repressão, cerraram fileiras no partido oposicionista no Paraná: o retorno de Enéas Faria ao Senado, como suplemente do senador Affonso Camargo, desde ontem novamente no Ministério dos Transportes (e Comunicação). Enéas Faria é um dos políticos mais citados por Sebastiani, ao longo da detalhada crônica histórica que faz sobre o MDB no Paraná desde sua criação em janeiro de 1996, após a extinção dos partidos existentes até 1965 - agrupando a oposição, enquanto a Arena (Aliança Renovadora Nacional) abrigava todos os políticos que apoiavam o governador no militar. Ao longo de seu livro, Sebastiani, que vinha do antigo PTB, faz um relato preciso em termos de nomes, datas e circunstâncias. Afinal, quando o deputado federal Miguel Bufarra (PTB), foi designado pelo presidente nacional do recém constituído Movimento Democrático Brasileiro, senador Oscar Passos, para dirigir e organizar o partido no Paraná, Sylvio, que era seu companheiro na sigla trabalhista e ex-sócio na firma Cipesca, assumiu a função de secretário-geral. Até 22 de novembro de 1979, quando o Congresso nacional aprovou a lei que regulou o artigo 152 da antiga Constituição e alterando a Lei nº 5.682, extinguiu tanto [a] Arena como o PDB e formando então seis novas legendas - PSD, PMDB, PP, PT, PTB e PDT - Sebastiani dedicou-se ao MDB no Paraná, num trabalho que relata com objetividade. Em 1965, Paulo Pimentel havia sido eleito para o Governo do Paraná com 1.119.935 votos, obtendo 51,1% do total, enquanto Bento Munhoz da Rocha Neto, com uma coligação oposicionista, ficou com 458.119 votos, perfazendo 45,1%. Em 20/11/65, poucos meses após a eleição, o Ato Institucional nº2 extinguia os partidos políticos e somente dois meses depois começavam ser organizadas a Arena - para apoiar o governo militar - e o MDB, "Começou, assim, a revoada dos políticos em direção aos dois partidos existentes" recorda Sebastiani. Dos [dois] senadores do extinto PTB (eleitos e, 1962), um deles ingressou na Arena (Rubens de Mello Braga, que havia assumido como suplemente de Amaury de Oliveira e Silva, ministro do Trabalho do governo João Goulart, cassado e exilado no Uruguai) e outro, Nelson Maculan (que em 1960 havia disputado o Governo, pelo PTB, perdendo para Ney Braga) se definia pelo MDB. Dos deputados federais do extinto PTB ingressaram no MDB os deputados Renato Celidônio, Antônio Baby, Fernando Gama, Wilson Chedid, Petrônio Fernal e Antonio Annibelli. Os três outros - Kalil Maia Neto, Ivan Luz e Elias Nacle, aderiram a Arena. Na Assembléia Legislativa, a debandada foi ainda maior: somente Silvino Lopes de Oliveira, Joaquim Néia de Oliveira e Eurico Batista Rosas entrariam no MDB. Os demais - Moacyr Silvestre, Jorge Nasser, Miguel Pereira, Miran Pirih e Piratan Araújo - filiavam-se a Arena. Do extinto PDC, apenas o deputado federal José Richa (que havia acompanhado o presidente do Partido Affonso Camargo em apoio a Munhoz da Rocha) filiou-se ao MDB. Do PSD, apenas um parlamentar teve coragem de entrar no partido da oposição - ali revelando-se uma grande liderança: Sinval Martins. xxx Na Câmara de Curitiba, dos 20 vereadores, somente um ingressou no MDB: o já veterano Arlindo Ribas de Oliveira. O PMDB, nascia no Paraná com uma pequena participação, reunindo trabalhistas, social democratas e democrata cristãos - agrupando não tanto oposição ao Governo Federal mas mais ao então governador eleito Paulo Pimentel.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
14/04/1992

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