Memórias da Oposição (IV)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de abril de 1992
Embora diplomaticamente, evite fazer críticas maiores a companheiros emedebistas - mesmo aos que, em diferentes ocasiões, abandonaram o partido e passaram para o conforto da Arena, [Sylvio] Sebastiani, nas 144 páginas do recém-lançado "Por Dentro do [MDB]" não deixa de questionar o comportamento do hoje senador José Richa, que apesar de ser fundador do MDB, em diferentes ocasiões não teve, segundo o autor, as posições que se esperavam. Em compensação, os elogios são grandes para alguns companheiros, especialmente o deputado Alencar Furtado - que seria o último parlamentar a ter seu mandato cassado - e especialmente Silvio Barros, deputado estadual e, depois, prefeito de Maringá - pai do hoje também prefeito Ricardo Barros, 31 anos, liderança do PFL no Interior - e declaradamente candidato a sucessão de Roberto Requião.
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Em 1970, suspensas as eleições ao governo, houve, entretanto, o pleito para o Senado, Câmara e Assembléias. Para deputado federal o MDB conseguiu somente 11 candidatos (tinha 23 vagas). Para a Assembléia, onde poderia apresentar 47 candidatos, concorreu com apenas 32. E para o Senado, com duas vagas, o partido decidiu - após muita discussão - ter um único candidato - José Richa, com apoio dos antigos pedecistas, para enfrentar os candidatos da Arena - Accioly Neto e João de Mattos Leão. Richa formou seu staff com ex-pedecistas, como José Carlos Campos Hidalgo (tesoureiro da campanha), Cléverson Marinho Teixeira Ritzmann. A campanha foi difícil, sem recursos e, naturalmente, a Arena venceu: Mattos Leão teve 858.815 votos - e Richa ficou em 543.033. para a Câmara, foram eleitos apenas quatro candidatos do MDB: João Olivir Gabardo (que herdando o eleitorado de Richa na região de Londrina, fez 56.969 votos), Fernando Gama (37.538), Alencar Furtado (41.767) e Fernando Gama, reeleito, com 37.538 votos.
Para a Assembléia, foram eleitos Antonio Belinatti e Álvaro Dias, dividindo a região de Londrina[)], Sebastião Rodrigues (substituindo Jacinto Simões, na Região Sudoeste, que havia sido cassado), Maurício Fruet, (confirmando sua liderança em Curitiba), Nivaldo Kruger, ex-prefeito de Guarapuava; Hélio Manfrinato, que havia sido candidato a prefeito da Cianorte; Domicio [Scaremlla], ex-prefeito de União da Vitória; José Muggiati, da região de Arapongas (onde o diretório do MDB foi um dos primeiros a se organizar, graças ao então vereador Waldir Pugliesi) e Nelson Buffara, o único reeleito.
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"O grupo de José Richa, do antigo PDC, pretendeu, logo após as eleições, obter a renúncia do presidente do diretório regional, deputado federal eleito Alencar Furtado, com a alegação de que, derrotado para o senado, Richa precisava presidir o MDB. Furtado chegou até a concordar inicialmente, mas com[o] as pretensões do grupo Richa atingiam o secretário geral, deputado eleito Silvio Barros e mesmo Sebastiani, como presidente do diretório municipal - para onde pretendiam impor o vereador Adhail Sprenger Passos, houve reação. "Era o PDC a comandar o MDB. Não houve renúncias e os dois presidentes dos diretórios permaneceram até o final do mandato".
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Uma confidência que Sebastiani faz sobre um dos deputados menos conhecidos eleito em 1970: "o deputado Hélio Manfrinato, meu antigo companheiro do extinto PTB, logo após sua posse me procurou dizendo não ter nenhum estudo e cursado apenas alguns anos do primário, necessitando assim, preparar-se para exercer seu mandato. Procurei saber aonde poderia levá-lo. Certo dia, fomos à Rua XV de Novembro e nos dirigimos ao curso Kolber. O deputado Manfrinato matriculou-se e ali começou seus estudos primários. Hoje ele é advogado do Estado".
LEGENDA FOTO
José Richa: omissões denunciadas por Sebastiani em "Por Dentro do MDB"
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