Moraes, o marketing no carnaval baiano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de fevereiro de 1988
Os baianos sabem se autopromover. Moraes Moreira, ex-Novos Baianos, que já teve sua fase de parceria com o curitibano Paulo Leminski, conseguiu espaço nacional ao brigar com seu amigo Wally Salomão, coordenador do Carnaval de Salvador - ao qual, este ano, não comparecerá - ao menos oficialmente. Entretanto, a briga rendeu espaço para seu novo elepê ("Uma Nova República", CBS), que, astutamente, integra-se ao espírito de música carnavalesca, com novíssimas composições com diversos parceiros (Zeca Barreto, Fausto Nilo, Guilherme Maia, Béu Machado, Armandinho, Rodrigo Campello e Fernando Moura). Há também um revival nostálgico do tempo dos Novos Baianos, com as faixas "Preta, Pretinha" e "Ferro na Boneca" - sucessos do primeiro disco daquele grupo, quando fez o primeiro lp (RGE, 1970). Três companheiros daquela época - Baby Consuelo, Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor, participam inclusive da gravação. Astutamente, Moraes também presta sua "homenagem" ao centenário da abolição da escravatura, em "Quilombahia", e para não fugir ao esquema caribenho, dedica "Do Caribe" ao cubano Pablo Milanes. Mas é claro que o Carnaval fala mais alto: "Dança dos Bichos" exaltando o "universo carnavalesco e carnavalizador da Bahia", é por ele justificado:
- "É o orgulho de ser baiano, bairrismo no bom sentido".
Já outra faixa, "Carnê do Carná", é um registro da história do carnaval baiano, visto pelo ângulo da crítica: retrata a atualidade empresarial em que se transformou o Carnaval:
"Foi-se o tempo
o Carnaval já não é mais de graça".
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