MPB
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de agosto de 1980
Sinceramente, não entendia-mos porque Rildo (Alexandre Barreto da) Hora, pernambucano, 41 anos, não gravava um segundo elepe. Responsável por um dos melhores discos de 1971 (cremos), onde mostrava sua bela voz, seu talento de violonista e, especialmente executante de harmônica de boca, além de compositor, Rildo vinha dedicando-se apenas a produção, aliás um dos mais disputados responsáveis fonográficos da RCA, onde se encontra há anos. Antonio Carlos e Jocafi, Maria Creusa, Martinho da Vila e mesmo João Bosco tiveram em Rildo o produtor que os auxiliou a fazer muitos sucessos.
Como compositor, entretanto, coube a Sérgio Cabral, jornalista e também produtor fonográfico, a estimular Rildo a fazer novas músicas, inclusive o "Meninos da Mangueira", sucesso em 1975, a parceria com Cabral, começou em 1973, com "Janelas Azuis" e não parou mais, a ponto de agora, a volta de Rildo ponto de agora, a volta de Rildo se dar num elepe, onde seu nome aparece na capa e do bom Sérgio na contracapa. Cabral, aliás, confessa que também foi Rildo que o estimulou a escrever letras tarefa de que vem se desinbuindo a contento a julgar pelo belíssimo repertório reunido neste elepe. "Espraiado" é, por exemplo, um momento de grande ternura, com letra das mais bem-construídas, enquanto que a lembrança das escolas-de-samba está presente também em letras como "Pedro Sonhador", e "Arraia Miuda", sem falar em "O Menino da Mangueira". Dois amigos Martinho da Vila e Jane Duboc, participam de "Rancheira do Bóia-Fria", enquanto que "Toca, Gilberto", - que disputou a primeira eliminatória do Festival MPB-80, está também presente.
"Banda de Ipanema" é uma bem humorada homenagem de Cabral/Hora a banda presidida por Albino Pinheiro, aliás um dos maiores amigos da dupla. Instrumentalmente, Rildo Hora mostra seu virtuosismo em duas faixas: "Por que não?" e "Chorinho nervoso por Hermeto Pascoal", esta a altura do homenageado. A produção foi de Martinho da Vila e o elenco de instrumentistas não poderia ser melhor: Radamés Gnatalli, Luiz Eça, João Donato, Hermeto e Leonardo Luz se alternam nos teclados; Oberdan Magalhães, Jaime Araújo e Moacir Marques no saxofone; um excelente coral, secções de cordas (Com orquestrações de Guerra Peixe e regência de Leonardo Bruno) contribuem para fazer deste um elepe excelente. Aliás, nem poderia ser diferente.
LEGENDA FOTO 1 - Rildo.
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