Login do usuário

Aramis

Muitos candidatos e poucas vagas nos clubes da cidade

A decisão de alguns velhos associados da Sociedade Garibaldi em obstruírem, juridicamente, a propalada fusão com o Santa Mônica Clube de Campo não surpreende a quem acompanha o movimento clubístico no Paraná. Afinal, já em diferentes ocasiões, tentativas de união de entidades esbarraram em reclamações de associados, especialmente quando as assembléias gerais são convocadas de forma nebulosa, sem os devidos esclarecimentos. Como o caminho para o Inferno é decorado de boas intenções e ninguém discute a legalidade das fusões, também no caso de integrar patrimônios - quase sempre valiosos - exige jogo-de-cintura dos dirigentes clubísticos, que devem procurar fazer com que as negociações sejam conduzidas da forma mais cristalina - justamente para evitar insinuações e acusações. xxx O crescimento da população tem reflexos naturais em sua vida clubística. As sociedades tradicionais que, nos anos 50, podiam, com tranqüilidade, absorver novos membros, enfrentam hoje o problema da falta de espaços. Por exemplo, o mais tradicional dos clubes da cidade - o Curitibano, hoje com 8 mil associados, enfrenta uma lista imensa de candidatos a obterem aprovação de seus nomes, que esbarra não apenas na questão de alto custo da ação e jóia (ao redor de Cz$ 600 mil), mas na própria impossibilidade física da entidade atender a um quadro que ultrapasse as suas sedes físicas. Por exemplo, centenas de empresários e profissionais liberais que se estabeleceram em Curitiba nos últimos anos, muitos adeptos do golfe, sonham em associarem-se ao Curitibano, para praticar o esporte na sua grande sede esportiva, com o melhor campo de golfe nas margens da BR-116. O Graciosa Country Clube - cuja ação/jóia não fica por menos de Cz$ 850 mil - há muito que já limitou o ingresso de novos associados, dentro, inclusive, de sua própria filosofia de "o mais fechado do Paraná". xxx A tendência é que surjam novos clubes ou ao menos que alguns dos já existentes ampliem suas atividades também para o golfe. O antigo Clube Literário do Portão, que de uma modesta entidade suburbana cresceu para uma sociedade moderna, com ampla sala, já adquiriu um amplo terreno, próximo à Cidade Industrial, no qual pretende implantar um campo de golfe dentro das características internacionais da competição deste nobre esporte. A antiga conotação de sociedades de bairro - que, erroneamente, caracterizavam, preconceituosamente, até os anos 70, associações recreativas na periferia da cidade, hoje começa a desaparecer. O Portão - uma verdadeira cidade independente dentro da grande Curitiba - é um exemplo desta ascensão social de seus membros, de forma que a diretoria do antigo Literário e Recreativo ao planejar um campo de golfe teve uma iniciativa normal - quando, há alguns anos, pareceria uma pretensão absurda. xxx Na crônica das fusões clubísticas, muitos exemplos foram bem sucedidos. O Curitibano, por exemplo, ao incorporar o antigo Paraná Golfe Clube pôde ampliar sua área esportiva para o golfe, ao mesmo tempo que os empreendedores daquele clube autônomo viram solucionados os problemas da falta de condições para concluir o caro projeto iniciado. O Clube Concórdia, centenária agremiação, durante décadas um reduto da colônia alemã, anos atrás ampliou o seu patrimônio com a incorporação de outro clube etnicamente germânico - o Tiro ao Alvo - e graças à aquisição de um grande imóvel na região metropolitana dispõe hoje de um grande patrimônio. Curiosamente, tem um pequeno quadro associativo - apenas mil membros - e sobrevive graças à administração eficiente de Hans Klaus Garbers, gerenciando inteligentemente a sua sede urbana, excelente espaço para recepções. Entre os planos de Garbers está, inclusive, em aproveitar parte do valioso imóvel - localizado entre três ruas centrais - com um conjunto de lojas, que poderiam resultar em renda extra. Poderiam, pois com o congelamento dos aluguéis, qualquer exploração nesta área torna-se um mau negócio.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
01/01/1987

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br