Login do usuário

Aramis

Mulheres escrevem sobre o exílio e a sua terra

Embora não tenham tido problemas políticos que a levassem a preferir residir nos EUA do que em Curitiba - onde mora sua mãe, a arquiteta a artista plástica Josely de carvalho foi quem fez as belas ilustrações de << Memórias das mulheres do exílio >> ( Editora Paz e Terra, 437 páginas). O projeto << Memórias do Exílio >>, 3 anos depois de lançado << De Muitos Caminhos... >> publica o seu segundo volume. Desta vez a primeira edição já sai no Brasil e a capa não indaga mais << 1964-19??? >>. Este volume trata de exiladas e foi dirigido e organizado por 4 mulheres - Albertina de Olíveira Costa. Maria Teresa Porciúncula Moraes, Norma Marzola e Valentina da Rocha Lima, que prometem a continuidade do projeto, << no Brasil com os que voltaram e também, é bom que não se esqueça, com os que continuam exilados >>. Para tanto iniciaram um levantamento de instituições que foram criadas, dirigidas ou que sofrem influência de refugiados brasileiros: começamos a ouvir o mundo do exílio das crianças e << queremos nós mesmos traçar um perfil dos exílios que procuramos documentar durante esses anos. Não sabemos se as dificuldades agora serão maiores ou menores, nem podemos imaginar se as pessoas irão se sentir mais ou menos livres em seus depoimentos. Seja como for, a continuidade das << Memórias do Exílio >> é importante para a construção da memória nacional, por um Brasil sem nunca, mais exílios. Que esta esperança, este ideal de liberdade, seja assumido por um número cada vez maior de brasileiros e brasileiras >>. *** Uma escritora que também está voltando de um exílio de 7 anos no Exterior é Moema Viezzer, gaúcha de caxias do Sul, mas cujos pais foram pioneiros em Toledo, Esposa do antropólogo social Marcelo Gromdim, Moema veio rever seus pais no Paraná. No ano passado, a Símbolo, de São Paulo, lançou seu livro << Se Me Deixam Falar... >>. Trabalhando em educação e antropologia, Moema e seu marido, Marcelo, residiram por alguns anos na República Dominicana e haiti. Com sua sensibilidade de escritora, recolheu dados para novos livros que pretende publicar agora no Brasil. Se encontrar condição de trabalho, Moema pretende fixar-se em Curitiba. *** Falando em livros, uma oportuníssima reedição: << O Jornal de Antônio Maria >> (Paz e Terra, 142 páginas, maio/80), que Ivan Lessa organizou em 1968, com apresentação de José Aparecido de Oliveira, oração de Vinícius de Moraes e prefácio de Paulo Francis. Lançado originalmente pela Saga uma das tantas editoras que desaparecem este volume, agora incluído na série << Literatura e Teoria Literária >>, é uma amostra do talento do jornalista, cronista, compositor, boêmio e, sobretudo, grande alma humana que foi Antônio Maria Araújo de Morais (Recife, 17 de março de 1921 - Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1964). A << Oração para Antônio Maria, pecador e mártir (A noite é Grande...), que Vinícius escreveu em julho de 1968, quase provocou a prisão do poeta, por causa do último parágrafo de seu texto, onde falava dos protestos dos estudantes, da passeata dos 100 mil (<< Uma beleza. Se alguma coisa de bom tem que sair deste país, vai ser à base do novo movimento estudantil >>). *** A mesma Paz & Terra, publica também duas teses que são importantes contribuições para se conhecer melhor o Brasil: << A Terra do Santo e o Mundo do Engenhos >>, apresentado por Doris Rinaldo Meyer no programa de pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, focaliza uma comunidade de camponeses e trabalhadores rurais da Mata Sul pernambucana. Já em << Homens e Máquinas na Transição de Uma Economia Caffeeira >>, de Cheywa Spindel é a << história >>, no sentido de analisar um período passado (1850-1930) da evolução econômico-social de São Paulo. Mas como diz o sociólogo Paul Singer, no prafácio é também sociologia do tratar da transformação da sociedade paulista de escravocrata em capitalista. E no tratamento dessa transformação, a autora analisa minuciosamente as condições econômicas que possibilitaram esta passagem, sem que as relações de denominação fossem revolucionárias. Quando se vê livros como este, documentando aspectos tão importante de nossa realidade, não se pode deixar de insistir em que o reitor Ocyron Cunha, homem de passado editorial (sua firma, chegou a ser a maior vendedora dos livros da Companhia Editorial Nacional), quando tiver algum tempo livre, pense na necessidade das co-edições da UFP permitirem que tantas teses importantes, defendidas por seus professores, possam se transformar em livros. O Estado, através do setor de editoração da Secretaria da Cultura - que na quinta-feira, na academia Brasileira de Letras, lançou << O Paraná no Centenário >>, de Rocha Pombo - já começou a cumprir sua parte. Vamos ver se a UFP faz agora o que lhe compete. Afinal há anos que a professora Cécilia Maria Westhalen vem se esforçando para isto, mas até agora com mínimos resultados... *** E já que falamos hoje sobre mulheres e livros, registre-se o lançamento da Escrita-Escritora e Livraria, de São Paulo, intitulado << Mulheres da Vida >>. Reúne textos de nomes conhecidos nacionalmente - como Norma Benghell e Isabel Câmara, ao lado de outras menos famosas, mas igualmente inquietas e criativas em seus textos: Ana Maria Castro, Eunice Arruda, Glória Perez Leila Miccos, Many Tabainik, Maria Amélia Mello, Réca Poletti e Socorro Trindad. Falando em mulheres que escrevem, a atriz Odete Lara - hoje ausente das telas, que divide com Darcy Ribeiro a próxima << Parceria >> no Paio (dia 9 de junho, 21 horas), há alguns anos lançou um livro de memórias, que apesar do título apelativo não chegou a se tornar um >. *** Por último , a revista << Escrita >> chega ao número 30, em cinco anos de circulação. Na edição (Cr$ 150,00, nas bancas), um fragmento do segundo romance de Wladyr Nader (<< Jogo Brutoz >>, edição da Escrita) e na parte de poesia texto do E.E. Cummings, traduzidos por Júlio Mendonça, que também << psicografa Augusto dos Anjos >>. Onze novos poetas, vencedores do concurso Escrita da Poesia Falada comparecem com os trabalhos escolhidos, bem como os resultados dos concursos << Cem Poemas Brasileiros >> e << III Concurso de Literatura >>.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
31/05/1980

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br