A beira da piscina do Country Clube, semanas atrás, o compositor Nonato Buzar, dizia: "Sabe, acredito que um dos melhores lps de musica popular feito nestes últimos meses foi o de Silvio César". Ouvindo com atenção o novo disco deste cantor, reconheço que o autor de "Vesti Azul" tem toda razão: realmente, este é o exemplo do disco bem produzido, realizado com capricho e destinado a dar ainda maior conceito a um vocalista que se firma cada vez mais. Justificado por Buzar como "um disco para vender na Guanabara", já que Silvio César tem (tinha) fama de só ser sucesso em São Paulo, este lp (Odeon, 3755, dezembro-72) começa a impressionar pelo nome dos maestros que fizeram as orquestrações: Gaya, Egberto Gismonti, Hugo Bellard, Geraldo Vespar, Dom Salvador e Meireles. Cada um esmerando-se ao máximo na roupagem para os temas escolhidos por Silvio César, que também soube escolher um repertório do mais alto nível: abre o disco, com duas composições de Hugo Bellard: "Hoje, talvez amanhã" e "Julia, Julie" (em parceria com João Luiz Biato); em seguida, um novo tema de Carlos Lyra (que hoje à noite, estará fazendo uma apresentação no Paiol), como sempre de muita ternura: "Só choro quando estou feliz"; em seguida, "Não Tem Perdão" de Nonato Buzar e Paulinho Tapajós. Com arranjo de Meireles, temos depois "Sacramento" (Nelson Ângelo Milton Nascimento). Roberto Menescal - Ronaldo Boscoli - uma dupla que marcou época, assinam a próxima faixa: "E nada na tarde". Encerrando o lado a, "Doente Morena", de Gilberto Gil - Duda. No lado 2, outra seleção da pesada: "Quem viver, verá" (Marcos-Paulo, Sérgio Valle), "O Sol na minha mão" (Luiz Gonzaga Jr.), "Encontro" (Ivan Lins - Otávio Bonfá), "Cidade Pequenina" (Menescal - Caetano Veloso) e duas composições do próprio Silvio: "Meu Testamento" e a já conhecida "Prá Você". Um disco belo. Muito belo mesmo.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Nenhum

Coluna ou Seção: Nenhum

Página: 12

Data: 17/03/1973