Login do usuário

Aramis

A música barriga-verde

É impressionante a atividade de Ayrton dos Anjos na produção fonográfica do Sul. Este gaúcho de 41 anos, ex-ator, ex-divulgador e vencedor de discos, é hoje o mais ativo record0man daquele Estado, promovendo registros das dezenas de festivais de música nativista que ali ocorrem (conforme analisamos na série "Alvorecer Nativista"), lançando novos valores e alcançando um êxito imenso, como é o caso do elepê de Renato Borghetti, 21 anos, acordeonista que está chegando as 100 mil cópias vendidas - sendo assim o primeiro instrumentista a receber o disco de ouro no Brasil. Estendendo suas atividades agora a Santa Catarina, Ayrton dos Anjos produziu o elepê "O Som da Gente/A Música de Santa Catarina", reunindo vários cantores e um violonista, um grupo instrumental e três conjuntos do vizinho Estado. Gravado num estúdio improvisado no Centro Integrado de Cultura, em Florianópolis, o disco traz surpresas agradáveis como o violonista Ricardo Boppré executando "Aquarela do Brasil" e o regional do Zequinha com "Apaixonado" e "Quando Morre a Tarde", composições de José Cardoso. O ótimo grupo Engenho, já com três elepês independentes gravados (os dois primeiros independentes, o terceiro saiu pela Continental) comparece em duas das melhores faixas: "Meu Boi Vadiou" (Allison A. Motta) e "Braço Forte" (Critaldo/Chico Thives). Outro grupo catarinense, já com um elepê independente gravado - o Expresso Rural é ouvido em "Tom Natural" (Daniel Lucena/Robert Alencar) e "Manhas do Sul do Mundo" (Daniel Lucena). Zuvaldo Ribeiro e o grupo Grande Passado apresentam "Menininha". Infelizmente, Frank ("Som da Gente", "Ave Ligeira"), Renato Botelho ("Olho d'Água") e, especialmente, Beto Mondadore ("Suco de Imaginação") são ainda inseguros, com músicas prejudicadas. Entretanto, pela proposta de divulgar os compositores e intérpretes gaúchos através de um lançamento nacional - Sigla/RBS, com forte campanha promocional, "A Música de Santa Catarina" é um disco interessante e válido. Pena que no Paraná não existia um produtor da força de Ayrton dos Anjos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
04/11/1984

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br