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Aramis

Musical Polisch Style

Enquanto "Era Uma Vez em Hollywood" (That's Entertainment, 74, de Jack Halely Junior) não chega a Curitiba, os fãs dos musicais podem ter uma compensação assistindo ao balé "Bazowsze" (auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, de quinta-feira a domingo, 21 horas, Cr$ 80,00 o ingresso). Pois, ao lado de seus méritos coreográficos e da natural atração para a imensa etnia polonesa, o conjunto nacional de canto e danças da Polônia apresenta, ao longo de seu movimentado espetáculo, alguns números que nada ficam a dever a seqüências de alguns clássicos de Arthur Freed nos anos de ouro da MGM. A coreografia rápida e cronometradíssima, os bailaríssimos ágeis e atléticos e a riqueza do guarda-roupa, nos coloridos e iluminados números que se sucedem no palco, aos fãs dos bons musicais americanos, podem despertar cenas adormecidas na retina. Concebido pela diretora Mira Ziminska Sygietynska para alcançar diferentes tipos de público, o Mazowsze que chega ao Brasil é um espetáculo leve - que oscila dos cantos e danças folclóricas até seqüências que, numa apreciação mais superficial, parecem extraídas de operetas de uma Broadway socialista. Se não fosse o custo tão elevado do espetáculo - o que é lembrado como justificativa do mais alto preço de ingresso já cobrado em Curitiba - era até de se sugerir aos seus empresários que promovessem um vesperal, com apenas alguns números, para o público infantil - que realmente vibraria com alguns dos trajes e bailados, especialmente os que utilizam figuras de simpáticos animais e bonecos. Bailarinas bonitas, de longas e loiras tranças, esvoaçam nos 23 quadros do espetáculo, que flui naturalmente, sem cansar o público extasiado - em especial os que nunca antes tiveram chance de assistir algo semelhante. De nosso prisma, vendo o espetáculo com olhos de fã de cinema, não deixa de impressionar uma leve semelhança de algumas bailarinas com nostálgicas atrizes dos velhos musicais americanos - Debbie Reynolds, Esther Willians, para citar dois exemplos: "Mazowsze" vai agradar muito ao público que se dispõe a pagar Cr$ 80,00 (e mais Cr$ 10,00, se desejar o programa acoplado ao número 24 do "Jornal do Ballet") no próximo fim de semana. A estréia, segunda-feira, foi aplaudidíssima, com flores em profusão depois que toda a companhia (116 pessoas, incluindo a afinada orquestra) homenageou o Brasil cantando "Mulher Rendeira", tema que Zé do Norte criou há 22 anos para a trilha sonora de "O Cangaceiro" (53, de Lima Barreto) e encerrando com "Cidade Maravilhosa" de André Filho, que logicamente deveria ter o coro da platéia. Mas que, envergonhada, não pode fazê-lo, pois enquanto os integrantes do Mazowsze mostravam as duas partes, apenas alguns mais corajosos se atreviam a dizer o refrão principal. É, o difícil não é cantar. É saber a segunda parte da música. Mesmo quando ela é um hino. Vale a pena ver o Mazowsze. A não ser que V. não goste de musical.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
6
23/04/1975

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