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Aramis

Na semana do Oscar, uma grande estréia inglesa

Os filmes que participaram da festa do Oscar, encerrada na madrugada de ontem, que estão em cartaz em Curitiba, terão suas platéias ampliadas. Em primeiro lugar, "Rain Man", de Barry Levinson, com suas quatro premiações, em cartaz no Condor, emplacará no mínimo seis semanas de exibição. Além de melhor filme, "Rain Man", que tem como tema o reencontro de dois irmãos, conferiu a Dustin Hoffman a estatueta de melhor ator do ano. O mais requintado dos concorrentes ao Oscar - o insinuantemente belo e excitante "As Ligações Perigosas", que o inglês Stephen Frears realizou com base na peça de Christopher Hampton (premiado como roteiro adaptado) do romance de Choderlos de Laclos, também deverá ter suas rendas aumentadas (Astor/Cinema I). Indicado a 7 categorias, injustiçado com a não premiação de Glenn Close (melhor atriz) e Michelle Pfeiffer (atriz coadjuvante), "Ligações Perigosas" levou, apesar disto, três Oscars: merecidamente para figurinos, cenografia e roteiro adaptado. Outro injustiçado - "Mississipi em Chamas", do também inglês Alan Parker - mesmo com a solitária premiação para fotografias (Peter Biziou) também é um filme notável, merecedor das 7 indicações que teve e que, entre todos os nominados para o Oscar-89, é o que tem maior vigor político. Em cartaz no Plaza, permanecerá em exibição por várias semanas - o que retardará a chegada de "Uma Secretária de Futuro", comédia que teve 6 indicações e acabou ficando sem nenhuma premiação. Outra comédia, a deliciosa "Um Peixe Chamado Wanda", que tinha 3 indicações, ficou ao menos com o Oscar de melhor ator coadjuvante (Kevin Kline), o que deve fazer que aumente o seu público - o que significa lotação completa no pequeno Lido II onde está em exibição (no Lido I, continua em cartaz, também com excelente bilheteria, "Irmãos Gêmeos"). ESTRÉIAS - Apenas duas estréias nesta semana. A primeira - e mais importante - é "Serviços Íntimos" (Personal Services), produção inglesa, direção de Terry Hones, e que estreou em Londres, em 3 de abril de 1987, causando grande impacto. É uma comédia irreverente, característica do novo (e criativo) cinema inglês, vista no FestRio-87, e desde então merecendo especial atenção da crítica - e encontrando agora um público especial. Abordando a prostituição, mas com um olhar malicioso e bem humorado, "Personal Services" tem em seu elenco intérpretes ainda desconhecidos no Brasil: Julie Walters, Alex MacCowen, Shirley Selfex, Danny Schiler, Victorie Hardcastle, Tim Woodward, Dave Atkins e Leon Lissek. Sem falsos moralismos - equilibrando-se numa linha de análise da sociedade inglesa da era Thatcher, "Serviços Íntimos" tem no desempenho de Julie Walters o seu grande ponto de atração. Um filme inteligente, que lançado no Cine Bristol dificilmente permanecerá mais do que uma semana em exibição. A propósito: também "Henrique V", 1944, o primeiro filme dirigido, roteirizado e interpretado por Laurence Olivier, em exibição no Cine Luz (4 sessões) merece atenção especial. Primeira experiência de Olivier em levar Shakespeare ao cinema (quatro anos depois faria "Hamlet", premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro), "Henrique V" valeu inclusive um Oscar especial, em 1946 e foi um sucesso nos Estados Unidos, permanecendo 46 semanas em exibição em Nova York, a maior temporada obtida, até então, por uma produção inglesa, na América. A segunda estréia da semana é "Dirty Harry na Lista Negra" (Cine São João, 5 sessões). Quinto filme da série "Dirty" Harry, interpretado por Clint Eastwood, que desta vez se limita a atuar, deixando a direção para Buddy Van Horn, que trabalha em sua produtora, a Melpaso, há mais de 20 anos e, nela, era especialista em cenas de ação. Clint havia concluído o magnífico "Bird" e preferiu que seu colaborador cuidasse da realização deste policial movimentado, no qual Harry persegue um psicótico que pensa que um diretor de filmes sanguinolentos rouba, através de telepatia, suas idéias para a realização de filmes. Como acentuou o crítico Hugo Sukman, apesar desta plot - meio autocrítico (considerando que grande parte da filmografia de Eastwood é de filmes violentos), há um festival de mortes e um final que mostra por que o policial Harry Callegham é chamado de "Dirty" (sujo). Já lançado no Cine Luz, "Aria" é daqueles filmes para ser visto e revisto várias vezes. São dez sketches nos quais cineastas de formações diferentes colocaram suas visões sobre trechos favoritos de óperas que apreciam. O projeto é desigual, confuso em muitos momentos, e que decepciona os "operários" que buscarem transposições fiéis. Em compensação há momentos de intensa criatividade, que justificam a revisão desta produção do inglês Don Boyd (Cine Groff). LEGENDA FOTO - A comédia "Um Peixe Chamado Wanda" valeu a Kevin Kline o Oscar de melhor ator coadjuvante: no Lido II.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
31/03/1989

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