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Aramis

Nas montagens, o som dos filmes deste ano

Parece até uma invenção da televisão brasileira que, a exemplo das próprias produções, foi exportada: a montagem de trilhas sonoras com hits do momento. Se no início, as telenovelas - especialmente da Globo eram produzidas por compositores que trabalhavam sobre o tema da mesma (Vinícius de Moraes e Toquinho, por exemplo, fizeram trilhas para várias telenovelas, inclusive "O Bem Amado", a primeira série em cores), o esquema foi substituído, posteriormente, pela montagem de fonogramas de diferentes gravadoras, com os temas que, na cabeça do responsável pela trilha, podem se identificar com os personagens e a ação. Em termos comerciais a coisa funcionou: qualquer música que entre numa telenovela torna-se sucesso - e tanto de um novo compositor - intérprete é catapultado para o êxito, como se resgata, para novas gerações, músicas do passado (o maior exemplo parece ser a "redescoberta" de Glenn Miller, quando sua obra-prima, "Moolight Serenade" foi usada na trilha de "O Casarão". Assim, hoje a Sigla/Som Livre, garante 80% de seu faturamento com as trilhas sonoras, montadas na base dos sucessos internacionais (só "Roque Santeiro" escapou deste, devido à brasilidade da história) e nacional. AS MONTAGENS NO CINEMA - Pelo menos uma dezena de trilhas de filmes que estão sendo lançados agora no Brasil - ou previstos para os próximos meses - chegam nas lojas. Embora nenhuma se compare à grandeza de "A Cor Púrpura" (WEA) e "Cotton Club" (CBS), seguramente, entre os dez melhores álbuns internacionais do ano, são produções que podem catapultar boas vendagens pela reunião de intérpretes, grupos e autores do mundo pop. A CBS, entusiasmada com o êxito "Fright Night", trilha do filme "A Hora do Espanto", já colocou nas lojas do Brasil as sound tracks de "Clube Paradise" e "Ruthless People" - ambos ainda sem data de lançamento nas telas - paralelamente às trilhas de "Pretty Pink" ("A Garota de Rosa Shocking"), "Stallone/Cobra" e "Top Gun" ("Ases Indomáveis"), três filmes de boa bilheteria. A Odeon/ EMI, editou a triha de "9 ½ Weeks" ("Nove e Meia Semanas de Amor") e "Iron Eagle" (Águias de Aço) além de também ter feito uma coisa rara: lançar a trilha de um filme brasileiro, no caso "Por Incrível que Pareça", com a belíssima música que Marcos Rezende criou para esta comédia surrealista. Se em "Cotton Club" e "A Cor Púrpura", John Barry e Quincy Jones reuniram o melhor da música jazzística dos anos 20/40, fazendo destas trilhas tão marcantes como os filmes de Coppola e Spielberg, o mesmo não se pode dizer das outras acima mencionadas. Mesmo com algumas faixas interessantes, "Ruthless People" (comédia dirigida pelo trio Jim Abrahms, David Zuker e Jerry Duzker, o trio de "Apertem os cintos... o piloto sumiu") ou "Clube Paradise", de Harold Ramis, possuem uma empatia jovem - mas sem maior profundidade. Estourando bilheteria nos EUA há 3 meses, "Ruthless People" é uma comédia que narra a história de um marido (Danny de Vito) que quer sua esposa (Bette Midler) morta. Um humor negro embalado por temas que vão desde a música-tema composta pelo trio Darry Hall, Dave Tewart e Mick Jagger até Billy Joel, com "Modern Woman", que já subiu para as "Top 10" das paradas - na voz de Bete Midler. Dirigido por Harold Ramis, com um elenco em que convivem estrelas como Robin Williams (o "Popeye", da versão de Robert Altman), Peter O'Toole,o negro Adolph Caesar (visto também em "A Cor Púrpura"), a modelo Twiggy e Jimmy Cliff, "Clube Paradise" tem uma trilha movimentada na linha do raggae - pois afinal, Cliff é autor da maioria das faixas, todas extremamente balançantes. Violento, polêmico, "Stallone/Cobra", de George Cosmatos - o filme mais comentado nas últimas semanas - tem também uma trilha montada a partir de hits independentes, interpretados desde o Miami Sound Machine até um outro Sylvester - o Levay - que além da música-título, se encarregou de dois outros temas. Gladys Knight, Gary Wright, Robert Topper, Carmen Twillie, entre outros, também estão nesta trilha que é lançada com um pequeno atraso sobre a chegada do filme - mas que, apesar disto, pode encontrar bom público. Paralelamente à estréia de "Ases Indomáveis", de Tony Scott - filme sobre aviação, maior êxito de bilheteria neste ano nos EUA, sai a trilha sonora, na qual desfilam intérpretes como Kenny Loggins ("Danger Zone", "Playing With the Boys", os grupos Cheap Trickk ("Mighty Wings"), Miami Sound Machine ("Hot Summer Nights"), ao lado de gente menos conhecida como Teana Marie, Berlin, Loverboy, Larry Greene, Marietta e até o produtor da trilha, Harold Faltermeyer. Na mesma linha de reunir intérpretes diversos, são as trilhas de "Iron Eagle" ("Águias de Aço", exibido na semana passada no Cinema I), "Pretty Pink" (que ficou 3 semanas no Lido I) e "9 ½ Weeks" (programado para o Astor nesta semana). A trilha de "9 ½ Weeks" traz o grupo Eurythmics (que fez a trilha de "1984", já editado pela RCA) numa balada minimalista - "This city never sleeps". Luba, uma cantora canadense que recentemente ganhou o prêmio de melhor intérprete em seu país, exibe seus dotes vocais em "The best is yet to come" e "Let it go". Brian Ferry comparece em "Slave to Love" e a melhor das novidades da trilha é Joe Cocker ("You Can Leave Your Hat On"), extraída de seu último LP.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
05/10/1986

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