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Aramis

Nas páginas de "Variety"

Muito provavelmente, pela primeira vez o nome de Curitiba é citado nas páginas do "Variety", desde 1905 editado em Nova Iorque e considerado a verdadeira "bíblia informativa" do mundo mágico do show bussiness. Este jornal tablóide, normalmente com 120 páginas, que circula semanalmente em Nova Iorque e, com uma edição diária, em Los Angeles, dedicou uma seção especial ao cinema latino-americano, no número de 22 de março último (128 páginas, 85 centavos de dólares). xxx E lá na página 59, uma notícia de uma coluna destaca o exibidor Arnaldo Zonari Filho, hoje o presidente da Fama Filmes, que de uma modesta distribuidora de bang-bang spaguetti e pseudo-históricos italianos, no inicio dos anos 60, é hoje proprietária de 11 cinemas em Curitiba, 5 em Porto Alegre o Cinema 1, no Rio de Janeiro, e grandes negócios no campo da comercialização cinematográfica. "Variety" destaca também que uma das produções aos quais Zonar se associou, "Os Trapalhões na Ilha do Tesouro", rendeu nada menos que Cr$ 100.000, somente em Curitiba. Ou seja; considerando-se a cotação do dólar ao redor de Cr$ 17,00, vemos que só com aquela comédia, a Fama já faturou Cr$ 1.700.000,00 nas várias exibições da fita em seus cinemas da cidade. xxx Jornal basicamente informativo, sem pretensões críticas ou ensaísticas, cobrindo tanto o cinema, como o teatro, a televisão, o rádio etc., "Variety" buscou, em sua análise sobre o cinema, latino-americano, oferecer aos grandes produtores e, principalmente, exibidores, de todos os países em que circula, informações sobre os aspectos comerciais de nosso cinema. Assim, há notícias sobre os grandes distribuidores, como Alexandre Adamiu, da Paris Filmes (que comprou os direitos de "King Kong", para o Brasil), Francisco Lucas, da Art Filmes, o já citado Zonari, além de revelar os planos do editor Álvaro Pacheco, proprietário da Artenova, agora ingressando no ramo cinematográfico, como distribuidor (promete para este ano trazer o elogiado "Welcome to L. A ."e tentar o lançamento de "O Império dos Sentidos", o mais erótico filme já realizado pelo cinema japonês) e, no futuro, produtor. xxx Muitas páginas de "Variety" são dedicados a anúncios de páginas inteiras. A Rede Globo, comprou a última capa, para, sob o título de "Just where is Brazilian television going?", relacionar em que estações de televisões do mundo já está veiculando suas telenovelas e musicais. O produtor Luiz Carlos Barreto comprou duas páginas: uma para anunciar que "Dona Flor and her two husbands", em 3 semanas de exibição no Paris Theatre, em Nova Iorque, faturou Cr$ 71.576. Em outra, para anunciar "the new filme by Bruno Barreto, diretor of "Dona Flor": "Amada Amante/Beloved Lover", com Paulo Gracindo, Cristina Ache e Paulo Guarnieri (filho do dramaturgo Gianfranciesco). Só que este filme, ainda não concluído, talvez tenha que mudar o título, ao menos no Brasil: o pontagrossense Isidoro Lassalvia, 51 anos, sócio de um poderoso grupo que controla 140 cinemas em vários Estados e diretor da Distribuidora Arco Íris (Praça Tiradentes, 250, 1o andar) produziu um filme também com o título de "Amada Amante", direção de Cláudio Cunha. Agora, está na Justiça, brigando com Barreto e Walter Clark, pelo direito de ficar com este título, inspirado na música de Roberto Carlos. Enquanto briga, Barreto já está vendendo a sua versão para exibidores estrangeiros. O "Amada Amante" de Lassalvia deve estrear em julho, junto com outras rentáveis produções da Arco Íris: "Tintureira, Sangue e Amor no Mar", de Rene Cardona Jr. (o mesmo diretor de "Os Sobreviventes dos Andes"), rodado no México, com Susan George, nas mesmas águas do "Tubarão", e "Mágoas de um Boiadeiro", novo filme sertanejo de Sérgio Reis.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
17/05/1978

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