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Nativismo, hoje um mercado em expansão

Há menos de uma década - quando aqui, pioneiramente, publicamos uma série de reportagens sobre o boom nativista gaúcho, no Paraná praticamente inexistiam festivais e eventos artísticos regulares. Embora já houvesse mais de 50 dos duzentos e poucos CTGs, que hoje se espalham por todo o Estado, suas promoções se restringiam a âmbitos locais - inclusive sem repercussão maior. Hoje, há uma mídia promocional em torno do crescente nativismo em nosso Estado, traduzido pelo sucesso que César Setti, 25 anos, desde 1987 editor de páginas especializadas em "O Estado do Paraná" ("Galpão da Estância") e "Tribuna do Paraná", produtor de programas na Rádio Clube Paranaense - pela qual tem transmitido os mais importantes festivais nativistas - e que se multiplicaram em inúmeras outras audições especializadas em rádios do Paraná. Um mercado próspero cresceu: ao lado de churrascarias, bailões, boliches, cresceu também o número de estabelecimentos que vendem apenas produtos identificados ao gauchismo (trajes, obras de arte, artesanato, pelêgos, etc.), enquanto centenas de emissoras têm na transmissão de gravações de artistas gaúchos (ou assemelhados) o forte de sua audiência. Não nos cansamos de aqui repetir um dado dos mais significativos: conforme levantamento do próprio Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, a discografia passa dos 5 mil títulos - entre gravações de grupos vocais / instrumentais, solistas, instrumentistas, compositores e, especialmente, vocalistas (compare-se no Paraná, cuja discografia - a espera de levantamento - não emplaca nem cem títulos). O boom prossegue. Meia dúzia de etiquetas regionais (Quero-Quero, Pallo, Discoteca, Acel, etc.), sem falar em gravadoras do Eixo Rio-São Paulo, mantém catálogos atuantes. A RGE, ligada ao grupo Globo, com a direção regional do mais experiente record-man do Rio Grande do Sul, Ayrton dos Anjos, 50 anos, incrementou suas produções, inclusive com lançamentos audaciosos como um álbum triplo comemorativo aos 20 anos da Califórnia da Canção, de Uruguaiana - onde o boom musical-natividade teve início em 1970. Gilberto Carvalho, poeta, intelectual e hoje executivo de uma empresa especializada em produções fonográficas, através da etiqueta Quero-Quero, tem registrado a maioria dos festivais nativistas - cujo número oscila entre 50 a 90 eventos anuais, os quais, praticamente, têm memória gravada completa - mesmo que em edições reduzidas. Publicações especializadas vêm sendo produzidas desde a primeira metade dos anos 80 e atualmente, dois jornais em formato tablóide, mensais, dão grande destaque: o "Jornal da Noite", editado pelo jornalista Danilo Ucha, da equipe de redatores especiais da "Zero Hora", e, especialmente, o "Jornal do Nativismo", fundado em 1987, e que circula há 26 números com Paulo de Freitas Mendonça e Salete Maria Mattie como diretores e Odilon Silvio Ramos como editor responsável (15 mil exemplares, em distribuição direta ou por assinaturas a Cr$ 2.500,00, que podem ser solicitadas a Praça Oswaldo Cruz, 15, conjunto 2513, CEP 90038, Porto Alegre, fone (0512) 25.44221). xxx Assim, hoje a bibliografia e, sobretudo, a discografia - que tanto interesse desperta a estudiosos espalhados pelo Brasil (como, em Curitiba, o promotor e cantor Arthur Tramujas) - amplia-se mais, e as novidades são apresentadas (inclusive para reembolso postal, através da Editora Liberdade), no "Jornal do Nativismo" que traz - a exemplo de um "Variety" tupiniquim - também anúncios de artistas e grupos musicais e outros profissionais ligados ao ramo. A tecnologia CD já estimulou a edição da coletânea "Canto e Encanto Nativo", editores como Martins Livreiro e Sulina têm amplos catálogos. Por exemplo, a Sulina acaba de lançar uma revista-disco sobre as Missões, num projeto dos mais interessantes, mostrando um pouco de música específica daquela região, cujas edificações jesuíticas foram declaradas patrimônio da humanidade pela Unesco - e que atualmente merece o projeto "Missões 300 Anos / S.O.S.", para salvar as ruínas existentes em São Miguel, Santo Angelo e outras localidades. xxx Na área dos festivais nativistas, os mesmos se multiplicam - e César Setti, com seu espaço especializado, dá ampla cobertura aos mesmos semanalmente. Aqui fica apenas o registro do mais novo festival - só que este previsto para acontecer no Paraná, com abrangência internacional e que mereceu pequena nota no último número do "Jornal do Nativismo": "Assim Canta a Fronteira", programado entre os dias 30 de janeiro a 2 de fevereiro, na cidade de Missal, dentro das comemorações do 8º aniversário deste município que, por sua localização especial, terá uma abrangência cultural sobre o Paraguai (Alto Paraná) e Argentina (Missiones).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
22/01/1991

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