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Aramis

Nesta retreta, a primeira valsa de Bento Mossurunga

Assim como havia feito em 1983, quando incluiu no primeiro volume de "Banda de Música de Ontem e de Sempre" o enternecedor "Céus de Curitiba", Silas Xavier fez questão de homenagear o mais importante compositor paranaense, o castrense Bento (d'Albuquerque) Mossurunga (1879 - 1970), que apesar de sua importância até hoje tem pouquíssimas peças em discos (*). Em sua garimpagens Silas encontrou no número 155 da revista carioca "O Malho"(Ano IV, 2/9/1905), em seu suplemento musical a valsa "Bela Morena", primeira composição do jovem Bento Mossurunga, que com pouco mais de 25 anos havia deixado Curitiba para tentar a vida como violinista no Rio de Janeiro - onde ficaria por mais de um quarto de século. Essa valsa foi seu cartão de visitas, como diz Vicente Salles acrescentando que se Mossurunga "não foi na capital do país um violinista vitorioso, foi seguramente compositor e regente dos mais respeitados que o teatro nacional - de revistas, operetas e congêneres - conheceu". xxx Entre tantos méritos que fazem esta produção merecer um destaque especial está no fato de que na escolha do repertório não se limitou a incluir obras de compositores conhecidos - embora estes compareçam com destaque - mas, principalmente, voltou-se a trazer obras d e autores, geralmente também mestres-de-banda, que nas menores cidades do país, anonimamente, desenvolveram seu trabalho, que permanece inédito em termos de gravações e mesmo esquecido muitas vezes pelo fato das bandas (exceto as militares) estarem em processo de desaparecimento. Um exemplo é "Biza", valsa de Bernardino Joaquim de Nazareth (guarani, MG, 20/5/1860-1937, aproximadamente), artista do povo, seleiro de profissão, música por vocação que nunca se afastou de sua pequena Guarani, na Zona da Mata de Minas Gerais. Não tinha piano, mas lecionava este instrumento às mocas das melhores famílias da cidade; foi um múltiplo instrumentista de banda, que regeu por toda sua vida. Quatro clássicos do repertório de bandas são de domínio público, de autores desconhecidos, por exemplo, "Silvino Rodrigues", gravado anonimamente em 1911 no selo Gaúcho, no 709, da fábrica de Savério Leonetti, Porto alegre e "Havaneira", polca gaúcha, também de autor desconhecido. Evidentemente, que não faltam obras de um dos mais famosos mestres de banda - e também excelente chorão - que deixou imensa contribuição: Anacleto de Medeiros (1866-1907), presente com "Pavilhão Brasileiro", "Louco Amor" e "Araribóia". Francisco Braga (1868-1943), Donga (Ernesto Joaquim Monteiro dos Santos, 1889-1973), Pixinguinha (1898-1973), Ernesto Nazareth (1863-1934), Sinhô (José Barbosa da Silva, 188-1930), Radamés Gnattali (1906-1988) e Chico Buarque ("A Banda") juntam-se aos nomes de Carlos Gomes ("Hino Triunfal a Camões"), ou aos esquecidos João Elias da Cunha ("Hino do Estado do Rio de Janeiro"), Cincato Ferreira de Souza ("Artística Paranaense"), Henrique Alves de Mesquita (com o lundu "Os Beijos-de-Frade", a mais antiga peça desta coletânea), Isidoro Castro ("Saudades de Minha Terra"), Joaquim Antônio Naegele ("Ouro Negro"), Augusto Nunes Coelho ("Saudades do Cauê"), José Selasym de Souza ("saudade de Abadia"), Eudóxio de Oliveira ("Antônio"), Benedito Raimundo Silva ("José e Ritinha Brincando") nesta viagem sonora a um Brasil que não pode - nem deve - ser esquecido. Mas que só se ouve graças a idealistas como Silas Xavier e o apoio de instituições como a Fenab, presidida por José Carlos de Souza. A beleza do álbum é completada com farto material iconográfico e uma bela banda de coreto (Guarani, MG) num óleo sobre tela de Roberto Ornellas. NOTA: (*) Infelizmente, até hoje não houve por parte dos onerosos órgãos culturais do Estado e, especialmente, Prefeitura, qualquer preocupação de disciplinar um programa de gravações de nossos compositores do passado. A não ser em faixas esparsas, geralmente em discos com pequenas edições (e já esgotados) há mínimos registros de compositores de dimensão do Bento Mossurunga, Brasílio Itiberê e outros.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
16/06/1991
Existiu um programa da Secrtearia de Cultura ,do tenor Ivo Lessa e da empresaria Tatiana de Aben - Athar PARANA CANTA que era exclusivamente sobre musicos paranaense nos anos 80s .Uma grande ideia que precisa ser RE- ATIVADA

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