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Aramis

No ar, a homenagem aos melhores de nosso rádio

30 horas após a 64, cerimônia do 64ª Festa do Oscar, Curitiba também teve a sua versão tupiniquim para valorizar uma classe que tem sido cada vez mais marginalizada: os profissionais do radio. Idealizada por João Luiz Fiani, 28 anos e múltiplas experiências - ator, locutor, apresentador de programas de televisão, publicitário, etc., "Os Melhores do Rádio", nesta sua primeira edição, foi um evento marcante para destacar prefixos e, especialmente, profissionais que ainda acreditam na força do rádio. Numa época em que a pasteurização nas programações (especialmente [da] FMs) nivela por baixo um veículo que, no passado, tinha criadores da maior voltagem e, especialmente, politiqueiros de ambição desmedida retalham os horários radiofônicos para vomitarem suas pretensões eleitorais (como acontece com o deputado Rafael Greca de Macedo, que será processado pelo Sindicato dos Radialistas devido ao exercício ilegal da profissão) foi das mais significativas a iniciativa de Fiani, através de sua agência Mercado de Idéias, em colaboração com o SESC-Paraná e patrocínio do Carrefour, em promover uma espécie de rastreamento do que se faz em nosso rádio. xxx Nos anos dourados da [era] do rádio, promoções semelhantes faziam parte dos calendários anuais de jornais e revistas e a "Tribuna do Paraná", em seus tempos pioneiros, quando Mario Ribas aqui assinava uma coluna de rádio, criou um troféu que era respeitadíssimo pela categoria: os microfones-de-ouro. O tempo passou, a programação ao vivo, com atrações de auditórios, radionovelas e mesmo grandes transmissões, foi substituída por uma rádio de estúdio e os profissionais caíram em anonimato, sem ter mais a divulgação impressa que lhe ampliavam a popularidade. Um tema amplo, a espera, como sempre de maiores pesquisas e espaços. Frente a uma nova realidade, com mais de 30 prefixos, entre AM/FMs disputando um público cada vez mais escasso, dentro de novos padrões de comportamento, a escolha do que se poderia chamar de "melhores do rádio" torna-se difícil. Assim, categorias que, no passado, seriam destaques - produtores, radioatores (radioatrizes), locutores, animadores de auditórios etc., simplesmente não podem ser listadas por que desapareceram nas emissoras do Paraná (como na maioria dos outros Estados). Assim, para as 23 categorias lembradas - assim mesmo, divididas em profissionais do AM/FM - Fiani e sua equipe tiveram que recorrer às opiniões de nada menos que 153 pessoas (entre próprios radialistas, alguns jornalistas, publicitários, profissionais liberais e ouvintes), extraindo de aproximadamente 3 mil citações, os que receberam seus troféus na noite de terça-feira, 31, no teatro do SESC da Esquina. Ali, dois corretos apresentadores - Armando de Carvalho e Alexandre Barreto conduziram a festa, aberta de forma nostálgica, com um garotinho entrando no palco e ligando um velho aparelho de rádio, transmitindo o belo texto "Eu sou o rádio" (atribuindo ao escritor inglês Rudyard Kypling e que na voz do inesquecível Joenir Abagge, encerrava todas as noites as transmissões da Rádio Cruzeiro do Sul). Com alguns fragmentos gravados de momentos do rádio paranaense - trechos de radionovelas na B-2, com as vozes do falecido Ivo Ferro e Mário Vendramel, uma gravação de Luís Nivaldo Maciel, aos 12 anos, cantando no CINEAC-Rádio, emocionantes principalmente aos radialistas veteranos ali presentes. Dedicando a festa à memória de Marcelo Maiolino (1970-1992), do estúdio Fiel Terra e a Guto (José Augusto Peres, contato radiofônico, gravemente doente), Fiani destacou a necessidade de o rádio retomar o lugar que merece e que não deveria ter perdido. Como fundador e editor do "Jornal do Rádio e Televisão ", cujo número 9 foi distribuído na ocasião, este publicitário e radialista deu um exemplo salutar.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
02/04/1992

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