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Aramis

No campo de batalha

Maé da Cuíca (Ismael Cordeiro), 65 anos, um dos fundadores do Colorado em 1946, embora desde 1982 não saia mais com a Escola de Samba que tinha graças a ele a melhor bateria, não deixou de circular na Avenida Marechal Deodoro nos dias de Carnaval. Com a faixa de "Cidadão Samba" - que recebeu há 3 anos, por iniciativa do ex-secretário de Turismo, Glauco Souza Lobo, Maé anunciava que ia voltar ao Colorado, hoje relegado ao segundo grupo para tentar fazê-lo retornar aos tempos de glória. Sale Wolokita, animador cultural, garante que vai apoiar Maé e sairá na comissão de frente do Colorado em 1990. *** O vice-prefeito Algaci Túlio deu uma demonstração de respeito para com o povo da cidade que o elegeu para o cargo. Interrompeu seu descanso na praia e, com a família, veio no sábado, domingo e terça-feira prestigiar o Carnaval. Querido e popular, Algaci foi aplaudido várias vezes e atendeu, sempre atenciosamente, a centenas de pessoas que o cumprimentavam e, estranhando a ausência do prefeito Jaime Lerner (que preferiu passar os dois primeiros dias do Carnaval no Rio), perguntavam pela ausência do prefeito. *** Algaci Túlio, em repetidas entrevistas, fez uma promessa: vai se empenhar de todas as formas para que em 1990 não se repitam os problemas que as escolas de samba enfrentaram este ano - falta de verbas, desorganização etc. E disse mais: no Carnaval de 90 vai sair na rua, "nem que seja num bloco de sujo". Há quatro anos, Algaci foi destaque da Mocidade Azul. *** O ex-deputado Amadeu Geara, secretário de Turismo, surpreendeu-se quando soube que por uma estúpida decisão da Comissão de Carnaval foi proibido que a Escola de Samba Mocidade Azul fizesse queima de belos fogos de artifício ao sair da concentração. No Rio de Janeiro, grandes escolas usaram recursos pirotécnicos para enfeitar o desfile - sem qualquer restrição. *** Ainda de Amadeu Geara: admitindo, com sinceridade, que antes de tudo "é um político" aproveitou para fazer o máximo possível de incursões em bailes nos clubes da cidade. Organizou-se para estar presente nas quatro noites do desfile das Escolas e Blocos na Avenida Marechal Deodoro e depois, percorrer 20 sociedades da cidade. Sem fantasia... *** Carlos Eduardo Mattar, professor, assessor do Tribunal de Contas e veteraníssimo compositor, agora tem dois novos parceirinhos: Júlio César de Oliveira, 30 anos, e Elson de Oliveira, 27, ambos funcionários dos Correios e Telégrafos. Juntos fizeram os sambas-de-enredo da Mocidade Azul ("Viagem da Ilusão") e Imperadores Independentes ("Adoniran Barbosa"), além da homenagem a Carmem Miranda para o Bloco Boca da Mata ("Cadê Carmem Miranda, Que Saudade de Você"). Ligado ao Carnaval desde os anos 50, Mattar já fez mais de 50 sambas-de-enredo. *** Os novos parceiros de Mattar, provando que há renovação entre nossos compositores, começaram há apenas dois anos: em 1987, estrearam com a Zebra no Batuque ("A Sua Sorte a Zebra Vem Mostrar"), repetiram no ano passado ("O Fantástico Mundo da Comunicação") e com o samba-de-enredo para a Sapolândia ("Noel, o Poeta da Vila"), conseguiram a maior nota. *** Com 40 anos, 35 de Carnaval, passagem por várias escolas e fundador da Sapolândia, Júlio César Amaral de Souza este ano não esteve na comissão organizadora: é que deixou a Secretaria de Turismo e agora assessora a administração regional de Santa Felicidade. Nem por isto deixou de participar do Carnaval: integrou o júri do Estandarte Rádio Independência, funcionando como uma espécie de assessor técnico. Esteve ao lado de Neyl Hamilton Monteiro Pereira (Presidente da Associação de Escolas de Samba de Curitiba) e José Antonio Siqueira, coordenando os desfiles. Julinho é dono de preciso material que poderá formar um dia um Museu do Carnaval Curitibano. Foi ele que cedeu para a D. Pedro os estandartes originais da pioneira Vassorinha da Água Verde (1917), Colorado (1947), Foliões da Mocidade, Embaixadores da Alegria (1948) e Unidos do Boqueirão - na homenagem que a Escola fez ao seu presidente Jubal de Azevedo. *** Valêncio Xavier, diretor do Museu da Imagem e do Som, trouxe para aquela unidade o seu dinamismo de veterano produtor de televisão. Assim, apesar da burocracia oficial está conseguindo fazer que o MIS deixe ser da "imaginação". No dia 25 de janeiro último, Valêncio e a pesquisadora Fátima de Freitas foram gravar um depoimento com a Sra. Selmira de Castro Guimarães, dentro do programa de tomada de depoimentos com pessoas de mais de 80 anos. Viúva do jornalista e político da região dos Campos Gerais, Mário Carvalho Guimarães, Dona Selmira disse a certa altura: "Mas isso que eu estou contando para vocês tem no livro que eu estou escrevendo" Valêncio não deixou por menos: pediu para ver os originais e, entusiasmando-se com a sinceridade e simplicidade com que a velha senhora recordava em seus textos passagens de sua vida, não teve dúvidas: em edição fac-similiar fez uma publicação do "Caderno de Dona Selmira" (Cadernos do MIS, No 2, 35 páginas, 1000 exemplares), que teve seu lançamento no dia 3 de fevereiro, quando Dona Selmira completou 98 anos. Se fosse feita uma edição pelos caminhos tradicionais, possivelmente só sairia depois do centenário da homenageada...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
10/02/1989

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